CNC revisa projeção de crescimento do varejo para baixo devido ao aumento descontrolado das apostas on-line, impactando a economia brasileira.

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgou uma revisão preocupante em relação à projeção de crescimento do setor varejista para o ano de 2024. Segundo a entidade, a expectativa foi ajustada de 2,2% para 2,1% devido ao impacto negativo causado pelo aumento descontrolado das apostas on-line. Essa mudança tem influenciado diretamente a renda das famílias e desviado o consumo de bens essenciais para jogos de azar.

O vice-presidente financeiro da CNC, Leandro Domingos Teixeira Pinto, alertou para as consequências cada vez mais expressivas que o crescimento das apostas tem trazido para o comércio. Ele ressaltou que o aumento do volume de apostas está diretamente relacionado à perda de poder de compra das famílias, afetando não só a economia, mas também o desenvolvimento do país.

Um estudo realizado pela CNC revelou que, somente entre 2023 e 2024, mais de R$ 68 bilhões foram gastos em apostas, o que pode resultar em uma redução de até 11,2% no faturamento do setor varejista, representando uma perda anual de R$ 117 bilhões. No primeiro semestre deste ano, estima-se que os cassinos on-line já retiraram R$ 1,1 bilhão do comércio.

O economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, enfatizou que cerca de 22% da renda disponível das famílias brasileiras foi destinada às apostas no último ano, acarretando em várias consequências econômicas e sociais, como o aumento da inadimplência. Tavares destacou que as classes mais vulneráveis, especialmente o público jovem e de baixa renda, são os mais impactados, comprometendo uma parcela considerável do orçamento familiar.

Com o crescimento exponencial do mercado de apostas on-line desde a autorização das apostas esportivas em 2018, o valor gasto pelos consumidores em apostas já representa 0,62% do PIB nacional. Diante desse cenário, a CNC ressaltou a importância de regular os cassinos físicos no Brasil como uma forma de promover benefícios reais para a economia, gerando empregos diretos e indiretos, além de arrecadação para o governo.

Em meio a essas preocupações, a Confederação reforçou a necessidade de uma regulamentação adequada para os cassinos físicos, enfatizando que, ao contrário dos cassinos on-line, esses estabelecimentos podem estimular o turismo e o desenvolvimento econômico de forma mais sustentável, contribuindo positivamente para a recuperação do setor varejista no Brasil.

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