BRASIL – “Mudança na legislação das saídas temporárias de presos em regime semiaberto gera polêmica e insegurança na segurança pública”

A recente mudança na legislação que trata do direito às saídas temporárias de presos em regime semiaberto, popularmente conhecidas como “saidinhas”, está gerando grande debate entre especialistas e autoridades ligadas à segurança pública. Essa mudança foi introduzida através da reforma da Lei de Execução Penal, que teve como ponto central a discussão do Projeto de Lei 14.843/2024. Segundo o sociólogo e ex-ouvidor das Polícias de São Paulo, Benedito Mariano, essa reforma foi realizada de forma considerada “demagógica, eleitoreira e representando um grande retrocesso” para o sistema.

Aprovada no primeiro semestre, a alteração na lei provocou contestações no Judiciário e aguarda julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente em relação à proibição do benefício das saídas temporárias para finalidades que não sejam o estudo. Além disso, o projeto modificou o processo de progressão de pena, o que foi apontado como o ponto mais problemático pelo sociólogo Mariano. Ele destacou que a falta de realização do exame criminológico nos últimos 20 anos pode gerar caos no sistema prisional, que já enfrenta superlotação e necessita de outras medidas para garantir a segurança pública.

Em entrevista, Benedito Mariano alertou para a complexidade da situação que se desenha, especialmente pela falta de profissionais qualificados para a realização dos exames criminológicos necessários para a progressão de pena. O sociólogo também criticou a postura dos partidos políticos, que não tentaram barrar essa questão durante as votações do projeto de lei. Ele ressaltou que a legislação em questão não traz benefícios para os cidadãos e pode gerar instabilidade nas prisões, principalmente devido à superlotação e falta de condições adequadas para a aplicação das novas regras.

A Lei de Execução Penal já previa o benefício das saídas temporárias, com quatro datas específicas durante o ano no estado de São Paulo. Porém, a recente polêmica em torno das “saidinhas” resultou em prisões de detentos que descumpriram as regras estabelecidas, levando à contestação da medida pela Defensoria Pública do estado. A situação tem gerado debate sobre a efetividade das novas normas e a necessidade de garantir a segurança pública sem prejudicar a ressocialização dos presos. Por isso, o tema permanece em destaque nos meios de comunicação e no âmbito político, enquanto aguarda decisão do STF sobre sua constitucionalidade.

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