O ambiente inflacionário brasileiro vem se tornando menos favorável, de acordo com a análise da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea. Isso se deve ao desempenho mais robusto do nível de atividade econômica e seus impactos sobre um mercado de trabalho aquecido. A aceleração dos preços dos serviços livres, aliada aos efeitos da desvalorização cambial sobre os bens comercializáveis e novos focos de pressão sobre os preços dos alimentos, da energia e dos combustíveis, indicam que o processo de desinflação da economia brasileira será mais lento do que o previsto anteriormente.
Em agosto, a inflação brasileira registrou alta de 4,2% em 12 meses, destacando os reajustes de 5,2% nos serviços livres e de 5,6% nos preços administrados. Os reajustes da gasolina (8,7%), dos planos de saúde (8,7%) e dos medicamentos (6%) foram apontados como os principais fatores de pressão inflacionária nesse período.
A pressão inflacionária também se estende aos alimentos e aos bens industriais, refletindo o aumento dos custos de matérias-primas devido à aceleração das cotações das commodities no mercado internacional e à forte desvalorização cambial.
Para 2025, o Grupo de Conjuntura do Ipea projeta um processo de descompressão inflacionária, com a possibilidade de uma apreciação cambial derivada do diferencial de juros. Com a melhora das condições climáticas e uma trajetória mais benigna para os bens industriais e os alimentos, as previsões indicam uma inflação de 3,9% pelo IPCA e de 3,8% pelo INPC.
No entanto, o cenário de inflação no curto prazo ainda apresenta riscos, como os conflitos internacionais e seus efeitos sobre as cotações das commodities no mercado externo, além de possíveis desvalorizações cambiais e os impactos da seca sobre a produção de alimentos e energia. Esses fatores podem desencadear uma piora no quadro inflacionário.