BRASIL – Ipea revisa projeções e eleva estimativas de inflação para 2024, apontando ambiente menos favorável e impactos diversos na economia brasileira.

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta quinta-feira (26) as projeções atualizadas para a inflação brasileira em 2024. De acordo com o órgão, as estimativas do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tiveram um aumento de 0,4%, passando de 4% para 4,4%, enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve um acréscimo de 0,4%, passando de 3,8% para 4,2%.

O ambiente inflacionário brasileiro vem se tornando menos favorável, de acordo com a análise da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea. Isso se deve ao desempenho mais robusto do nível de atividade econômica e seus impactos sobre um mercado de trabalho aquecido. A aceleração dos preços dos serviços livres, aliada aos efeitos da desvalorização cambial sobre os bens comercializáveis e novos focos de pressão sobre os preços dos alimentos, da energia e dos combustíveis, indicam que o processo de desinflação da economia brasileira será mais lento do que o previsto anteriormente.

Em agosto, a inflação brasileira registrou alta de 4,2% em 12 meses, destacando os reajustes de 5,2% nos serviços livres e de 5,6% nos preços administrados. Os reajustes da gasolina (8,7%), dos planos de saúde (8,7%) e dos medicamentos (6%) foram apontados como os principais fatores de pressão inflacionária nesse período.

A pressão inflacionária também se estende aos alimentos e aos bens industriais, refletindo o aumento dos custos de matérias-primas devido à aceleração das cotações das commodities no mercado internacional e à forte desvalorização cambial.

Para 2025, o Grupo de Conjuntura do Ipea projeta um processo de descompressão inflacionária, com a possibilidade de uma apreciação cambial derivada do diferencial de juros. Com a melhora das condições climáticas e uma trajetória mais benigna para os bens industriais e os alimentos, as previsões indicam uma inflação de 3,9% pelo IPCA e de 3,8% pelo INPC.

No entanto, o cenário de inflação no curto prazo ainda apresenta riscos, como os conflitos internacionais e seus efeitos sobre as cotações das commodities no mercado externo, além de possíveis desvalorizações cambiais e os impactos da seca sobre a produção de alimentos e energia. Esses fatores podem desencadear uma piora no quadro inflacionário.

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