O colapso da barragem em Brumadinho resultou na perda de 272 vidas, incluindo dois bebês ainda no ventre de suas mães, e causou graves impactos em diversos municípios da região. A Vale chegou a fechar um acordo e pagar US$ 55,9 milhões para encerrar uma ação movida nos Estados Unidos por acionistas que buscavam indenização pelos prejuízos causados pelo desastre.
A CVM, criada em 1976, tem a responsabilidade de fiscalizar e normatizar o mercado de valores mobiliários no Brasil, buscando orientar as boas práticas das corporações e dos executivos. No processo em análise, Poppinga e o ex-presidente da Vale, Fabio Schvartsman, estão sendo investigados por possível violação do artigo 153 da Lei Federal 6.404/1976, que trata do dever de diligência dos administradores de companhias.
Segundo o relatório de 38 páginas apresentado pelo relator, as auditorias externas contratadas pela Vale ignoraram recomendações técnicas que alertavam sobre a segurança das barragens. Além disso, relatos apontam que houve pressão por parte da Vale sobre a consultora responsável pela última avaliação da barragem de Brumadinho.
A defesa de Poppinga alega que sua diretoria tinha um papel gerencial e que ele não participou das decisões das auditorias externas. Já os advogados de Schvartsman argumentam que ele não tinha conhecimento dos riscos envolvidos na barragem e que não caberia a ele questionar a segurança das estruturas.
Além da investigação na esfera administrativa, Schvartsman também foi denunciado em uma ação penal por homicídio doloso qualificado e crimes ambientais relacionados ao rompimento da barragem. O Ministério Público Federal apresentou recurso contra a exclusão de Schvartsman do processo criminal, alegando que há provas de que o ex-presidente da Vale tinha conhecimento dos riscos envolvidos na estrutura.
Enquanto o processo segue em tramitação, a Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos do Rompimento da Barragem em Brumadinho (Avabrum) continua sua luta por justiça, cobrando a responsabilização das pessoas envolvidas no desastre que abalou a região de Brumadinho. A expectativa é de que nos próximos dias o processo penal seja retomado e que os responsáveis sejam julgados pelo trágico episódio que marcou a história do Brasil.