A Apib, que se retirou da comissão em agosto, demonstrou preocupação com a possibilidade de que a câmara de conciliação resulte em um cenário de “desconstitucionalização” de direitos fundamentais dos povos indígenas. A entidade criticou o fato de que os representantes indicados pelo ministério são ligados a órgãos governamentais, o que, na percepção da Apib, não reflete a voz do movimento indígena.
Mesmo com a saída da Apib da comissão, o ministério prosseguiu com a indicação de cinco nomes e seus respectivos suplentes. Entre os escolhidos estão figuras como Weibe Tapeba, Eunice Kerexu Yxapyry, Douglas Krenak, Pierlangela Nascimento da Cunha e Eliel Benites. A Apib reforçou a importância da autonomia dos povos indígenas e criticou a pressão exercida sobre entidades e órgãos públicos para participarem de colegiados sem seu consentimento.
O CIR, por sua vez, emitiu uma nota de repúdio contra a indicação do ministério e reforçou a importância da suspensão da Lei nº 14.701/2023, vista como uma ameaça aos territórios e modos de vida dos povos indígenas. A entidade destacou que a indicação dos representantes pelo ministério vai de encontro aos direitos dos povos indígenas e viola o princípio da boa-fé e o direito de consulta prévia.
Diante disso, diversas lideranças indígenas expressaram sua insatisfação com a decisão do Ministério dos Povos Indígenas. Emerson Pataxó, vice-presidente da Associação de Jovens Indígenas Pataxó, lamentou a falta de autonomia do movimento indígena e considerou a indicação como um desrespeito à Apib. A Agência Brasil solicitou um posicionamento do ministério e aguarda retorno para atualização da matéria.