O estudo, elaborado pelo oceanólogo e diretor-geral da Oceana, Ademilson Zamboni, tem como objetivo evidenciar a gravidade da situação e impulsionar a adoção de medidas que possam superar o desafio ambiental, econômico e social gerado pelo modelo atual de produção e descarte de plástico. De acordo com Zamboni, urge a necessidade de substituir urgentemente esse modelo para evitar maiores danos à biodiversidade marinha e à saúde humana.
Os impactos dessa poluição são alarmantes, com relatos de ingestão de plástico por 200 espécies marinhas, das quais 85% estão ameaçadas de extinção. O relatório aponta que a exposição a compostos químicos presente nos plásticos tem causado problemas de desnutrição e diminuição da imunidade em vários animais marinhos, resultando na morte de um em cada 10 deles.
A análise realizada a partir dos Projetos de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos e da Bacia de Campos revelou a presença de plástico em 49 das 99 espécies estudadas, sendo as tartarugas as mais contaminadas, com 82,2% das amostras apresentando resíduos sólidos. A ingestão de plástico já foi observada em todas as espécies de tartarugas marinhas na costa brasileira, sendo a tartaruga-verde uma das mais afetadas, com um índice de ingestão de até 70% em alguns locais.
Além disso, foi detectada contaminação por plástico em peixes, moluscos e outros animais marinhos, indicando que o consumo alimentar dessas espécies pode estar contaminando também os seres humanos. Diante desse cenário alarmante, o relatório destaca a urgência da redução do volume de resíduos plásticos despejados no mar.
Para reverter esse quadro, os pesquisadores recomendam ao Poder Público investimentos em pesquisa e desenvolvimento, promoção de alternativas ao plástico e a implementação de legislações específicas para regulamentar a produção e o descarte de plásticos, especialmente os de uso único. A conscientização e ações efetivas são essenciais para preservar a vida marinha e garantir um futuro sustentável para o planeta.