O engenheiro eletricista Ikaro Chaves ressalta que a deterioração na qualidade dos serviços de distribuição de energia elétrica em São Paulo mostra a falência do modelo do setor elétrico brasileiro, baseado na privatização e regulação estatal. Chaves destaca que, mesmo após 30 anos da primeira privatização de distribuidoras de energia, este modelo não tem se mostrado eficiente.
Além disso, a regulação do setor, feita por uma agência reguladora, tem falhado em proteger os interesses do consumidor, segundo Chaves. Ele aponta que a redução de despesas, como a demissão de funcionários responsáveis pela manutenção da rede, é uma forma de aumentar a margem de lucro das concessionárias.
O Sindicato dos Eletricitários de São Paulo informou que nos últimos seis meses a Enel demitiu 227 funcionários da área de manutenção, responsáveis pelo religamento da rede. Para Chaves, a precarização do trabalho prejudica a realização da manutenção necessária para evitar apagões recorrentes.
O professor da Escola Politécnica da USP, José Aquiles Baesso Grimoni, aponta a falta de coordenação entre a concessionária e a prefeitura como uma das causas da demora na restauração da energia em São Paulo. Ele destaca a necessidade de investimento conjunto entre prefeitura, estado e governo federal para enterrar a rede elétrica e evitar problemas futuros e apagões recorrentes na capital.
No entanto, Grimoni ressalta que a decisão pelo enterramento da rede elétrica pode enfrentar obstáculos políticos e econômicos, devido ao custo elevado e a falta de visibilidade dessa medida. Ele destaca que o problema não é técnico, mas sim político e econômico, o que pode dificultar a solução para os problemas de distribuição de energia em São Paulo.