O aumento significativo de 78,5% nas mortes provocadas por policiais em serviço entre janeiro e agosto de 2024 em relação ao ano anterior acende um alerta sobre a condução das políticas de segurança pública no estado. Em média, 1,8 vítima perdeu a vida todos os dias por intervenção policial neste ano. Esses números refletem um cenário de esvaziamento de um programa efetivo de controle do uso da força pela Polícia Militar de São Paulo, segundo a diretora executiva do Sou da Paz, Carolina Ricardo.
A preocupação se justifica, uma vez que, mesmo sem operações de grande porte como a Escudo e a Verão nos anos recentes, a letalidade policial segue em crescimento no estado. Carolina destaca que investimentos anteriores na profissionalização do uso da força foram abandonados, impactando diretamente nos resultados apresentados até agora em 2024. A falta de prioridade nas questões referentes ao correto uso da força é uma realidade que preocupa e sugere uma mudança de postura por parte das autoridades competentes.
Além disso, o levantamento realizado pelo Instituto Sou da Paz revelou um aumento expressivo no número de vítimas negras da letalidade policial em serviço, demonstrando um crescimento de 83,8% em relação ao período anterior. Essa disparidade reflete um problema estrutural que precisa ser urgentemente enfrentado e combatido para garantir a segurança e o respeito à vida de todos os cidadãos.
Diante desse cenário preocupante, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo afirma que todas as mortes decorrentes de intervenção policial são investigadas com rigor, em parceria com órgãos como a Polícia Civil, a Polícia Militar, o Ministério Público e o Poder Judiciário. A continuidade dos investimentos em capacitação do efetivo, aquisição de equipamentos de menor potencial ofensivo e políticas públicas de segurança são apontados como fundamentais para reduzir a letalidade policial e promover abordagens respeitosas e dentro da legalidade.