A decisão de doar o cérebro de Maguila foi tomada ainda em vida, de acordo com sua viúva, Irani Pinheiro. Em uma coletiva de imprensa realizada na Assembleia Legislativa de São Paulo, Irani comentou sobre a doação realizada no dia anterior.
O cérebro de Maguila é o terceiro de um atleta a ser estudado pelo Biobanco para Estudos em Envelhecimento da FMUSP. Além dele, Éder Jofre e Bellini, dois campeões mundiais, também tiveram seus cérebros estudados e diagnosticados com a Encefalopatia Traumática Crônica.
Segundo a coordenadora do Departamento Científico de Traumatismo Cranioencefálico da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), Maria Elisabeth Ferraz, a disponibilidade do tecido cerebral desses atletas é fundamental para avanços na pesquisa e na ciência. Ela ressaltou a importância da prevenção e de diagnósticos mais precoces, buscando evitar novos impactos na cabeça que possam resultar em danos cerebrais.
A descoberta da ETC foi feita em 2002 pelo neuropatologista Bennet Omalu, após examinar o cérebro de Mike Webster, ex-jogador de futebol americano, que faleceu aos 50 anos. Essa descoberta gerou repercussão e levou a mudanças na Liga de Futebol Americano (NFL), incluindo investimentos em tecnologia para aumentar a segurança dos atletas.
A encefalopatia resulta em alterações cognitivas, comportamentais e de equilíbrio, sendo consequência de anos de impactos repetidos no cérebro. A neurologista Maria Elisabeth alerta que a lesão cerebral pode ocorrer sem desmaio, e até mesmo violências domésticas crônicas podem resultar em danos cerebrais.
Portanto, ações preventivas e diagnósticos precoces são essenciais para a saúde cerebral dos atletas e de qualquer pessoa exposta a impactos repetidos na cabeça. A doação do cérebro de Maguila contribui significativamente para avanços na pesquisa e no entendimento da ETC.