Com a transferência da administração para quatro empresas, que passaram a gerir 22 cemitérios públicos e um crematório na capital paulista, os valores dos serviços funerários mais que triplicaram. Os contratos de concessão têm uma vigência de 25 anos e abrangem a operação, gestão, manutenção, exploração, revitalização e expansão das unidades.
De acordo com o secretário de assuntos jurídicos do Sindsep, João Batista Gomes, a principal reclamação dos cidadãos está relacionada ao aumento dos preços, que são considerados exorbitantes. Ele ressaltou que os próprios dados divulgados pelas empresas confirmam essa alta nos valores. Além disso, a privatização impactou negativamente a possibilidade de denúncias, uma vez que os funcionários municipais foram substituídos e os trabalhadores temem represálias ao se manifestarem.
O vereador Hélio Rodrigues também recebeu diversas denúncias desde o início da concessão, relatando cobranças indevidas e falta de transparência por parte das concessionárias. Ele destacou que os reajustes nos preços são consequência direta da concessão e apontou irregularidades nas práticas das empresas, como cobranças divergentes das tabelas oficiais.
Além das denúncias, também foram relatados casos de obstáculos impostos pelas concessionárias aos trabalhadores autônomos que prestam serviços nos cemitérios. O vereador mencionou que seu mandato interveio para garantir a continuidade do trabalho desses profissionais, que estavam enfrentando dificuldades de acesso aos locais e assédio por parte das empresas.
Diante das irregularidades apontadas, o Tribunal de Contas do Município (TCM) iniciou uma auditoria nos cemitérios e reconheceu a falta de transparência das empresas, bem como o descumprimento de informações importantes para os munícipes. Por outro lado, a prefeitura de São Paulo afirmou que a qualidade dos serviços é monitorada periodicamente e que os casos de reclamações são rigorosamente apurados.
Assim, a concessão da gestão dos cemitérios municipais à iniciativa privada tem gerado impactos negativos para os cidadãos de São Paulo, levantando questionamentos sobre a eficácia do modelo adotado e a necessidade de fiscalização mais rigorosa para garantir a prestação de um serviço digno e acessível à população.