As meninas entrevistadas relataram se sentirem sobrecarregadas com a divisão desigual do trabalho dentro de suas casas. O excesso de responsabilidades mal divididas afeta não apenas a educação das meninas, mas também sua saúde mental, sono e qualidade de vida. A CEO da Plan International Brasil, Cynthia Betti, ressaltou a importância de garantir que as meninas tenham tempo suficiente para estudar e se dedicar a atividades que impactem positivamente em seu futuro.
O estudo foi conduzido entre fevereiro e abril deste ano pela ONG Plan International, que coletou depoimentos de 92 meninas em diversos países. A cientista social Ana Nery Lima, especialista em gênero e inclusão da organização, destacou que a desigualdade de gênero presente nesses nove países também se reflete em muitas outras regiões do mundo.
Uma das consequências mais alarmantes apontadas pelas entrevistadas foi o abandono escolar devido à sobrecarga de tarefas domésticas. A gerente de pesquisa da Plan International, Kit Catterson, alertou que a evasão escolar compromete não apenas a educação das meninas, mas também seu futuro econômico e participação na sociedade como um todo. Ana Nery Lima ressaltou a importância de políticas públicas que assegurem o direito à escolaridade das meninas, além de uma mudança de mentalidade familiar em relação à divisão do trabalho doméstico.
É essencial, segundo a ONG, promover a igualdade de gênero, valorizando e reconhecendo o trabalho não remunerado de assistência e doméstico realizado pelas meninas. A Plan International espera que o reconhecimento da desigualdade imposta às meninas seja debatido durante a próxima reunião do G20 e que sejam tomadas medidas urgentes para promover a igualdade de gênero. Além disso, a organização destaca a importância dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que visam apoiar e valorizar o trabalho não remunerado, além de promover a responsabilidade compartilhada dentro das famílias.