BRASIL – Discussões no G20 Social abordam racismo algoritmo e ambiental em primeiro dia de atividades autogestionadas.

O primeiro dia de atividades autogestionadas no G20 Social foi marcado por discussões acaloradas sobre o racismo em suas diversas formas. Um dos pontos de destaque foi a abordagem de dois tipos específicos de racismo: o algoritmo, associado às novas tecnologias, e o ambiental, representado pelo descaso em relação às populações mais vulneráveis.

O ambiente do G20 Social se configura como um espaço de estímulo à participação da sociedade civil organizada e está acontecendo na região portuária do Rio de Janeiro até o dia 16, antecedendo a reunião de cúpula do G20, que reúne as principais economias do mundo.

Dentre as mais de 270 atividades autogestionadas programadas, várias abordam questões ligadas à desigualdade racial. Um evento proposto pelo Instituto Internacional sobre Raça, Igualdade e Direitos Humanos trouxe para a mesa de discussão a preocupação com o viés racista das novas tecnologias.

Durante as conversas, a diretora de programas da Anistia Internacional Brasil, Alexandra Montgomery, levantou questões cruciais sobre como a inteligência artificial tem afetado negativamente a vida das pessoas, especialmente aquelas negras e que vivem em comunidades mais vulneráveis. Ela destacou que tecnologias como os algoritmos e o reconhecimento facial têm gerado um impacto desproporcional, resultando em vulnerabilização e erros na identificação dessas pessoas.

O coordenador do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) da Universidade Cândido Mendes, Pablo Nunes, também contribuiu com a discussão ao apontar a tendência dos sistemas de reconhecimento facial em cometer erros de identificação com pessoas negras de forma mais frequente, exacerbando os problemas de racismo estrutural existentes na sociedade.

Outro ponto relevante abordado no G20 Social foi a questão do racismo ambiental, relacionado à emergência climática, que tem impactado de forma desproporcional as populações mais vulneráveis, como as comunidades periféricas e favelas. A ativista Luzia Camila enfatizou a necessidade de políticas públicas adequadas para enfrentar a injustiça climática que afeta principalmente a população negra.

Como parte das atividades autogestionadas, o G20 Social proporciona um espaço para organizações da sociedade civil conduzirem debates e para o público em geral se envolver em assuntos relevantes. O evento é visto como uma oportunidade de aprendizado e engajamento em temas importantes para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Neste contexto, a presidência brasileira do G20 tem inovado ao promover encontros da sociedade civil antes da reunião de cúpula de chefes de Estado e de governo, dando voz e espaço para a participação popular. Esta iniciativa pioneira será seguida pela África do Sul, próximo país a sediar o G20.

Em resumo, o G20 Social está se mostrando como um espaço de diálogo, troca de experiências e articulação para enfrentar os desafios do racismo em suas diversas formas, tanto no campo da tecnologia como no âmbito ambiental, destacando a importância da participação da sociedade civil na construção de um mundo mais justo e igualitário.

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