Apesar da redução, a SOS Mata Atlântica considera que o impacto do desmatamento ainda é alarmante e inaceitável, principalmente em um bioma tão devastado e ameaçado como a Mata Atlântica. A área destruída nos seis primeiros meses de 2024 equivale a aproximadamente 20 mil campos de futebol, destacando a gravidade da situação. A fundação ressalta que, embora viável, a meta de zerar o desmatamento no bioma ainda é um desafio a ser superado.
A queda no desmatamento é atribuída, em grande parte, ao fortalecimento da fiscalização, ao corte de crédito para desmatadores ilegais e ao uso de embargos remotos, que são restrições aplicadas a áreas desmatadas detectadas por monitoramento a distância, impedindo sua utilização comercial.
O diretor executivo da SOS Mata Atlântica, Luís Fernando Guedes Pinto, enfatizou que a redução do desmatamento é resultado do fortalecimento e da aplicação das políticas públicas ambientais brasileiras, destacando a importância da fiscalização ambiental e do fortalecimento de órgãos como o Ministério do Meio Ambiente e o Ibama. Guedes Pinto frisou que os dados atuais representam um alívio temporário, mas ressaltou a necessidade contínua de vigilância e ação.
Na luta pela preservação da Mata Atlântica, o engenheiro agrônomo destacou a importância do combate ao desmatamento em áreas de encraves, onde a redução chegou a 58% em comparação com o ano anterior. Guedes Pinto ressaltou que essa diminuição se deve às ações implementadas no Cerrado e na Caatinga, além da estratégia nacional de combate ao desmatamento.
Apesar dos avanços, ainda restam desafios a serem superados, como a impunidade diante dos crimes ambientais e a falta de justiça em casos como as queimadas criminosas e o rompimento da barragem de minério em Mariana, Minas Gerais. A diretora de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, ressaltou a importância de medidas mais efetivas por parte das autoridades para preservar o bioma e deter a degradação ambiental.
Em meio aos desafios, Guedes Pinto lembrou que é crucial alcançar o desmatamento zero em todos os biomas brasileiros até 2030, conforme estabelecido no Acordo de Paris. Para o engenheiro agrônomo, a Mata Atlântica possui potencial para ser o primeiro bioma do Brasil a atingir essa meta, desde que haja um esforço conjunto entre órgãos governamentais, instituições e a sociedade para promover a conservação e a restauração ambiental.