BRASIL – Brasil unifica G20 em declaração histórica; vitória da diplomacia brasileira e recado ao unilateralismo de Trump

Na última segunda-feira (18), o G20 se reuniu no Rio de Janeiro sob a presidência do Brasil, após dois anos de ausência de consenso, e conseguiu emitir uma declaração considerada por especialistas uma importante vitória da diplomacia brasileira. O documento uniu países como Estados Unidos, Rússia, China, Argentina e Alemanha em torno de 85 pontos, em um momento de intensas disputas geopolíticas e guerras no mundo.

A declaração do G20, que é um grupo formado pelas maiores economias do mundo, ganhou destaque por representar um consenso em meio a um cenário global dividido entre blocos principais como o G7 e a Otan, que reúnem potências ocidentais, e países emergentes como China, Rússia e Índia, representados pelo Brics. O especialista Ronaldo Carmona, do Centro Brasileiro de Relações Internacionais, destacou que o multilateralismo foi ressaltado nesse encontro como forma de cooperação entre países para promover interesses comuns.

A declaração final do G20 foi vista como uma vitória da presidência brasileira, especialmente em um momento de radicalização da crise do multilateralismo, com conflitos como a guerra na Ucrânia. Ronaldo Carmona ressaltou a importância desse consenso em um contexto de crise prolongada do multilateralismo, onde acordos multilaterais tendem a ter pouca eficácia.

Além disso, foi destacado que a Argentina não conseguiu reabrir a declaração para mudanças no texto, o que evidenciou a decisão do presidente Javier Milei de se unir ao conjunto de países presentes. Roberto Goulart Menezes, professor de relações internacionais, ressaltou que o Brasil também conseguiu pautar questões importantes como o combate à pobreza e à fome, em um momento em que o multilateralismo sofre oposição do governo de Donald Trump.

Embora a declaração do G20 não tenha poder mandatório, o encontro resultou em avanços concretos, como a Aliança contra a Fome e Pobreza e o grupo do G20 cidades, com previsão de financiamento para infraestrutura sustentável. O jornalista e professor Bruno Lima Rocha Beaklini avaliou que o Brasil saiu como grande vencedor do encontro, constrangendo o futuro governo Trump com a agenda de emergência climática, um tema sensível para a superpotência que já abandonou o Acordo de Paris anteriormente.

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