BRASIL – Campanha da CPT alerta para trabalho análogo à escravidão, predominância de vítimas negras e dificuldades no combate ao crime

Durante o mês da Consciência Negra, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) está promovendo a campanha De Olho Aberto para não Virar Escravo, com o objetivo de conscientizar a população sobre a persistência do trabalho análogo à escravidão no Brasil. Segundo dados da CPT, a maioria das vítimas resgatadas são negras, sendo 16,8% pretos e 65,8% pardos, totalizando 82,6% de vítimas negras.

A análise dos dados coletados entre 2016 e 2023 revela que mais de 12 mil pessoas foram resgatadas em todo o país, sendo que cerca de 3,2 mil vítimas foram resgatadas em ações coordenadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Os números apontam que a pecuária é a atividade que concentra mais casos de trabalho escravo, seguida das lavouras e carvoarias.

Um aspecto preocupante destacado pela campanha é a exploração no ambiente doméstico, com casos como o de uma mulher submetida a longas horas de trabalho por um casal. A fiscalização e o resgate dessas vítimas são desafios, uma vez que muitas vezes os patrões alegam considerar as vítimas como parte da família, distorcendo a relação trabalhista.

Brígida Rocha, agente da CPT no Maranhão, ressalta a importância do acolhimento das vítimas e a reflexão sobre as causas culturais da escravidão. A campanha busca fortalecer a capacidade dos trabalhadores e da sociedade em combater essa prática, por meio de ações como a Rede de Ação Integrada para Combater a Escravidão (Raice).

Para denunciar casos de trabalho análogo à escravidão, os cidadãos podem acessar o site do Sistema Ipê e reportar as situações de exploração. A conscientização e a denúncia são passos fundamentais para combater a persistência dessa prática desumana no país.

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