O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, expressou sua esperança por um resultado mais ambicioso, mas ressaltou a importância do acordo alcançado. Ele pediu que o compromisso seja honrado integralmente e dentro do prazo estabelecido, para que se traduza rapidamente em recursos financeiros para a proteção do meio ambiente. Segundo Guterres, o documento final representa a base para manter vivo o objetivo de limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C.
No entanto, as nações mais vulneráveis às mudanças climáticas consideraram o acordo como uma ofensa, destacando que os recursos disponibilizados não são suficientes para atender às suas necessidades. Inicialmente, a proposta era de US$ 250 bilhões por ano, enquanto os países em desenvolvimento defendiam uma meta de US$ 1,3 trilhão anuais para financiar as ações necessárias. O novo acordo substituirá os US$ 100 bilhões anuais previstos para o período de 2020 a 2025.
O texto final da COP29 ressaltou a urgência de aumentar as ambições e ações nesta “década crítica”. Reconheceu-se que há um déficit entre os fluxos de financiamento climático e as necessidades reais, especialmente para a adaptação nos países em desenvolvimento. Estima-se que sejam necessários de US$ 5,1 a 6,8 trilhões até 2030, com uma média anual de US$ 455-584 bilhões para o novo acordo.
Além do financiamento, os países também concordaram com as regras para um mercado global de carbono apoiado pela ONU, que facilitará o comércio de créditos de carbono. Essa medida visa incentivar os países a reduzir as emissões e investir em projetos sustentáveis do ponto de vista ambiental.
A COP29 foi marcada por intensas negociações e um cenário geopolítico dividido, conforme destacou António Guterres. Para o secretário-geral da ONU, o fim da era dos combustíveis fósseis é inevitável e as novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) devem acelerar essa transição de forma justa e equitativa. O Brasil se destacou ao apresentar sua terceira geração da NDC, definindo metas ambiciosas de redução de emissões até 2035 e a neutralidade climática até 2050.
A próxima conferência sobre mudanças climáticas, a COP30, será realizada no Brasil em novembro de 2025, em Belém (PA), mostrando a importância do país na agenda ambiental global.