O relatório do inquérito, que resultou no indiciamento de Bolsonaro e mais 36 envolvidos por golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito, foi revelado nesta terça-feira (26) pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, relator do caso. Segundo os investigadores, a rápida e repetitiva disseminação de narrativas golpistas criou um ambiente propício para grupos extremistas agirem, mesmo que o golpe planejado não tenha sido concretizado devido à falta de apoio das Forças Armadas.
O relatório da PF aponta que Bolsonaro teve uma participação direta e efetiva na tentativa de golpe, sendo responsável por atos executórios que visavam à abolição do Estado Democrático de Direito. Além disso, o documento menciona um plano elaborado pelos indiciados, denominado Punhal Verde e Amarelo, que envolvia sequestro ou homicídio de figuras públicas importantes.
A investigação também revelou que o almirante Almir Garnier, então comandante da Marinha, concordou com a articulação golpista, colocando tropas à disposição de Bolsonaro, mas o plano não foi adiante por falta de apoio dos comandantes do Exército e da Aeronáutica.
Um documento apreendido pelo PF na sede do Partido Liberal (PL) sugere ações para interromper o processo de transição de governo, com destaque para a frase “Lula não sobe a rampa”, em referência ao impedimento da posse do vencedor das eleições de 2022. Este material foi encontrado na mesa do assessor do general Walter Braga Netto e fazia parte de um esboço da denominada “Operação 142”.
Após a divulgação do relatório, o inquérito do golpe foi encaminhado para a Procuradoria-Geral da República (PGR), que irá decidir se haverá denúncia contra Bolsonaro e os demais acusados. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, terá a responsabilidade de analisar as provas apresentadas pela PF e decidir os próximos passos do processo.