Dentre os desafios enfrentados pelas servidoras, destacam-se o desrespeito no trato e o assédio moral, apontados por 45,7% das entrevistadas, além da dificuldade de conciliação entre a carreira e o trabalho de cuidado, citada por 71,4% delas. A diretora executiva do Movimento Pessoas à Frente, Jessika Moreira, ressaltou que a pesquisa evidencia um cenário ainda distante da igualdade de gênero, especialmente no que diz respeito à presença de mulheres em cargos de liderança.
Segundo Jessika, as mulheres relatam a necessidade de serem superiores aos homens para ocupar as mesmas posições, o que acaba evidenciando a existência de uma estrutura que as desqualifica e as coloca em desvantagem no ambiente de trabalho. Além disso, a pesquisa apontou que a cobrança excessiva, a expectativa de excelência dos pares e as relações interpessoais influenciadas por indicações entre homens também dificultam a ascensão das mulheres na carreira.
Para contornar esses desafios, as entrevistadas destacaram a importância do acúmulo de conhecimento técnico, da produtividade e da rede de relações interpessoais. A pesquisa também analisou possíveis estratégias para promover a igualdade de gênero no setor público, como a implementação de políticas afirmativas para mulheres em cargos de liderança, a oferta de capacitação e treinamento específicos, e a criação de políticas de cuidado para inclusão de mães e gestantes.
Diante desse panorama, o Movimento Pessoas à Frente ressalta a importância de medidas que melhorem o acesso, a ascensão e a permanência das mulheres na administração pública. Nesse sentido, foi organizado o Grupo de Trabalho Mulheres no Serviço Público, que resultou no documento “Mulheres no Serviço Público – recomendações para acesso, ascensão e permanência”, lançado durante o Congresso Internacional do Centro Latino-Americano de Administração para o Desenvolvimento (CLAD), realizado em Brasília.