BRASIL – Desigualdade racial: hora trabalhada de pessoa branca vale 67,7% mais que de pretos e pardos, revela IBGE

A desigualdade racial no mercado de trabalho brasileiro foi evidenciada por um estudo recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que revelou que a hora trabalhada por uma pessoa branca tem um valor 67,7% maior do que a de trabalhadores pretos e pardos. Enquanto os negros recebem em média R$ 13,70 por hora, os brancos recebem R$ 23, representando uma diferença de 40% a menos para os trabalhadores negros.

Esse dado, parte da Síntese de Indicadores Sociais, demonstra que a desigualdade racial persiste no país, afetando especialmente os pretos e pardos. Mesmo considerando a escolaridade, a disparidade se mantém, com os brancos recebendo mais que os negros em todos os níveis de instrução. A diferença é ainda mais acentuada entre os trabalhadores com ensino superior completo, onde os brancos recebem 43,2% a mais por hora trabalhada.

Além disso, o estudo aponta que a desigualdade no rendimento médio real da população, com os brancos recebendo em média R$ 3.847, 69,9% a mais do que os negros que recebem R$ 2.264. Apesar de uma redução na desigualdade desde 2019, a pesquisadora do IBGE Denise Guichard Freire ressalta que ela permanece “em um patamar extremamente elevado”.

Ao comparar os dados de 2019 e 2023, percebe-se um aumento da disparidade na remuneração média entre brancos e negros, evidenciando que a população branca teve uma maior facilidade na retomada do mercado de trabalho no último ano.

Além da desigualdade racial, o estudo também apontou uma desigualdade estrutural na remuneração por sexo, com os homens ganhando 26,4% a mais do que as mulheres. A disparidade salarial e no valor da hora trabalhada entre homens e mulheres foi constante ao longo dos anos analisados.

A informalidade no mercado de trabalho também reflete a desigualdade racial, com maior proporção entre os negros em relação aos brancos. A análise da subutilização da mão de obra revelou a presença da desigualdade também em relação ao sexo, com os homens apresentando uma taxa menor do que as mulheres.

Em relação ao cuidado familiar não remunerado, as mulheres continuam enfrentando uma ocupação menor no mercado de trabalho devido à dedicação ao trabalho doméstico e aos cuidados com parentes. Essa disparidade de gênero no mercado de trabalho foi discutida por ativistas pela igualdade de gênero durante reuniões preparatórias para o G20.

Os dados do IBGE reforçam a necessidade de políticas públicas e ações afirmativas para combater a desigualdade racial e de gênero no mercado de trabalho brasileiro, proporcionando condições mais equitativas para todos os trabalhadores.

Botão Voltar ao topo