Segundo estimativas da equipe econômica, os efeitos da redução das tarifas de importação serão percebidos progressivamente até o ano de 2044. Com a diminuição das tarifas, prevê-se um aumento de R$ 42,1 bilhões nas importações da União Europeia e um crescimento de R$ 52,1 bilhões nas exportações brasileiras para o bloco.
A União Europeia é atualmente o segundo maior parceiro comercial do Brasil, ficando atrás apenas da China. Em 2023, a corrente comercial entre o Brasil e a UE representou 16% do comércio exterior brasileiro.
Para o professor Giorgio Romano Schutte, membro do Observatório da Política Externa e da Inserção Internacional do Brasil (Opeb), este acordo é mais vantajoso do que o negociado em 2019, pois o Brasil conseguiu proteger o setor automotivo com salvaguardas. No entanto, ele ressaltou que o uso dessas salvaguardas dependerá da política adotada pelo governo.
Schutte alertou que os impactos econômicos do acordo podem demorar a ser percebidos e são limitados. Ele destacou que somente a China supera a UE e os Estados Unidos juntos como parceiros comerciais do Brasil. O professor enfatizou que o impacto positivo do acordo será sentido no aumento do comércio e na fortalecimento da posição negociadora do Brasil com outros grandes mercados.
Além disso, o governo brasileiro estima um aumento de R$ 13 bilhões em investimentos no país, o que equivale a um crescimento de 0,76%. Também é esperada uma redução de 0,56% nos preços ao consumidor e um aumento de 0,42% nos salários reais, previstos para o ano de 2044.
O acordo prevê reduções tarifárias imediatas ou escalonadas ao longo de prazos que variam de 4 a 15 anos. Para o setor automotivo, os prazos de redução são mais longos, podendo chegar a 30 anos para veículos com novas tecnologias. Cotas também foram estabelecidas para produtos agrícolas e agroindustriais do Brasil, com algumas restrições para determinados produtos.
Para Schutte, a principal assimetria do acordo está nas cotas estabelecidas para os produtos agrícolas do Mercosul, enquanto os produtos industriais da UE entram no bloco sem restrições de volume. No entanto, o professor acredita que o acordo trará benefícios para as empresas brasileiras e do Mercosul que desejam fazer negócios na União Europeia.
Em suma, o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a UE promete trazer mudanças significativas para a economia brasileira, impulsionando o comércio, os investimentos e as relações comerciais com importantes mercados internacionais. A implementação gradual das reduções tarifárias e as cotas estabelecidas para certos produtos serão cruciais para moldar o impacto e os benefícios desse acordo nos próximos anos.