Segundo Carolina Levis, pesquisadora da UFSC, e Justino Sarmento Rezende, cientista indígena da Ufam, em entrevista exclusiva à Empresa Brasil de Comunicação (EBC), a abordagem holística da ciência, que reconhece a interligação entre cultura e natureza, destaca a contribuição dos povos originários para a restauração dos ecossistemas. Eles ressaltam a importância desse diálogo em meio à emergência climática e da crise da biodiversidade que a humanidade enfrenta.
O trabalho dos cientistas, pertencentes a instituições brasileiras como UFSC e Ufam, faz parte de uma série de entrevistas para o podcast S.O.S! Terra Chamando, uma co-produção da Rádio MEC e da Casa de Oswaldo Cruz. A pesquisa, baseada nos conhecimentos dos indígenas do Alto Rio Negro, destaca a visão desses povos sobre os diferentes domínios da natureza, ocupados por seres humanos, animais, plantas, montanhas e rios, assim como pelos “encantados”.
A compreensão indígena da relação entre humanos e outros seres da natureza levou à constatação de que a ciência ocidental tem muito a aprender com essa perspectiva ancestral. Os saberes indígenas, provenientes de milênios de observação e experimentação, são vistos como fundamentais para avançar em direção a um futuro sustentável. A inclusão respeitosa de líderes e especialistas indígenas nos processos de pesquisa e tomada de decisão é apontada como essencial para a conservação do bioma amazônico.
Portanto, a colaboração entre a ciência indígena e a científica convencional não apenas enriquece o conhecimento sobre a natureza, mas também oferece caminhos mais eficazes para lidar com os desafios ambientais que o mundo enfrenta. A valorização e o respeito pelos saberes tradicionais dos povos originários são fundamentais para a preservação da biodiversidade e para o estabelecimento de práticas mais sustentáveis em relação ao meio ambiente.