O Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL), por meio do Gaesf – Grupo de Atuação Especial no Combate à Sonegação Fiscal e Lavagem de Bens, deflagrou, na manhã desta terça-feira (17/12), a operação Contumácia, “com objetivo de desarticular um núcleo familiar especializado no cometimento de crimes de sonegação fiscal que ultrapassam a casa dos R$ 260 milhões. A ação ocorreu simultaneamente em Alagoas e Pernambuco”.
Quando questionado sobre quem estaria à frente desse grupo familiar, a assessoria do MP/AL disse que não estava autorizada a divulgar os nomes dos investigados, mas nos bastidores das investigações circulava a informação que se trata da Usina Taquara, com sede no município de Colônia de Leopoldina, sob o comando do usineiro José Maria Quirino, cujo apartamento teria sido visitado nesta terça-feira, pela manhã.
Consultada sobre o nome da usina, a assessoria de comunicação do MP/AL disse que não tica como confirmar se seria a Taquara. No entanto, nas informações oficiais divulgadas, até então, o esquema de sonegação fiscal envolve uma usina de açúcar, que teria dado um desfalque no fisco estadual estimado em R$ 260 milhões, durante anos sem recolher impostos. Por isso, “operação contumácia, de contumaz”.
De acordo com a assessoria do MP/AL, ao todo, o Gaesf requereu seis mandados judiciais, que foram expedidos pela 17ª Vara Criminal da Capital. Para Alagoas, são cinco de busca e apreensão; para Pernambuco, mais um, também de busca. Além disso, a pedido do MP/AL, o Judiciário determinou o bloqueio de bens dos investigados.
“Esta é uma investigação que já dura 10 meses e foi planejada com toda atenção que o caso requer porque envolve alvos em Alagoas e em outro estado. Inclusive, temos o apoio da Polícia Civil pernambucana acompanhando o cumprimento do mandado de busca e apreensão numa revenda de automóveis localizada no município de Garanhuns”, informaram os promotores de Justiça do Gaesf.
“A Contumácia, em resumo, cumpriu mandados judiciais, bloqueou contas e valores, e visou também apreender documentos, dinheiro, veículos e aparelhos celulares, bem como outros elementos de convicção supostamente utilizado na prática dos crimes ligados as atuações ilícitas”, acrescentaram os membros do MPAL.
Lavagem de bens
Ainda de acordo com o Grupo de Atuação Especial no Combate à Sonegação Fiscal e Lavagem de Bens, o esquema é especializado em sonegações fiscais reiteradas a partir de uma usina de açúcar. “A apuração teve início com uma notícia crime apresentada pela Procuradoria-Geral do Estado de Alagoas (PGE/AL), que constatou que o núcleo familiar investigado e que administra a referida usina não faz o obrigatório repasse dos impostos devidos ao estado de Alagoas. Sendo assim, ele está caracterizado como o maior devedor de tributos, cujo débito, em tese, é superior a R$ 260 milhões.
A sistemática utilizada há décadas pelos administradores da empresa era apresentar confissões de débito tributário a fim de reduzir aplicação de multas através de auto de infração por parte do órgão fazendário, fazendo surgir a figura do devedor contumaz.
Execuções fiscais
Tais confissões de dívidas, segundo o Gaesf, fizeram a Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) lançar 16 autos de infrações, o que se desdobrou em 37 execuções fiscais ajuizadas pela PGE/AL, buscando o ressarcimento do valor apropriado irregularmente.
O Gaesf e a Sefaz informam que, além da operação deflagrada nesta terça-feira, outras medidas de cunho administrativo-fiscal, visando estancar a sangria aos cofres públicos, também foram adotadas, uma vez que a apropriação indevida de impostos estaduais se reflete diretamente na limitação de políticas públicas, por exemplo, nas áreas de saúde, educação, infraestrutura e segurança pública.
“Os nomes dos suspeitos serão mantidos sob sigilo para não atrapalhar a continuidade da apuração do Ministério Público Estadual”, informou a assessoria do MP/AL. Disse ainda que o nome da operação faz referência a grande teimosia, obstinação, tenacidade e dureza em manter um erro.
Composição do Gaesf
O Gaesf é composto pelo Ministério Público do Estado de Alagoas, Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz), Procuradoria-Geral do Estado (PGE/AL), Secretaria de Estado da Segurança Pública de Alagoas (SSP) por meio das Polícias Civil e Militar, Secretaria de Estado de Ressocialização e Inclusão Social (Seris) e Polícia Penal, com o apoio da Perícia Oficial de Alagoas.
Quando se subestima o processo legal, passa a cortejar o fracasso, a história e o legado açucareiro no nordeste deixaram de ser referência de excelência e passaram a acumular desastres administrativo. Uma lástima.