BRASIL – Presidente Lula descerra obra vandalizada de Di Cavalcanti no Palácio do Planalto em cerimônia em defesa da democracia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva protagonizou um emocionante momento nesta quarta-feira (8) ao descer a tela “As Mulatas à mesa”, do renomado pintor modernista Di Cavalcanti, no Palácio do Planalto, em Brasília. A cerimônia ocorreu durante um evento em defesa da democracia, coincidindo com o segundo aniversário da tentativa de golpe de Estado no Brasil.

A obra, uma das mais vandalizadas por extremistas durante a invasão do Palácio do Planalto, foi pintada em 1962 e retrata mulheres de ascendência africana, representando uma das bases fundamentais da sociedade e cultura brasileiras. Avaliada em aproximadamente R$ 8 milhões, a tela possui dimensões de 3,5 metros de largura por 1,2 metro de altura.

Após a invasão do Palácio do Planalto, a tela de Di Cavalcanti foi danificada de forma significativa, com sete rasgos profundos. Graças a uma equipe da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), o trabalho de recuperação foi minucioso e detalhado. Os rasgos na parte frontal foram disfarçados com técnicas de justaposição das texturas dos fios, enquanto na parte de trás da tela os rasgos foram mantidos como forma de evidenciar o processo de violência pelo qual a obra passou.

Durante a cerimônia de descerramento da tela, que fica no terceiro andar do Palácio do Planalto, o presidente Lula foi presenteado com réplicas da obra feitas por estudantes da rede pública de ensino do Distrito Federal. Essas réplicas fazem parte de um projeto de educação patrimonial em escolas da capital federal, estabelecido em um acordo de cooperação técnica entre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a UFPel para o restauro do acervo.

Além da tela de Di Cavalcanti, outras 21 obras vandalizadas durante a invasão do Palácio do Planalto foram oficialmente reintegradas ao patrimônio durante a cerimônia. Todo o processo de restauro foi viabilizado por uma estrutura laboratorial montada no Palácio da Alvorada em parceria entre o Iphan e a UFPel, com um investimento de R$ 2,2 milhões para a aquisição de equipamentos, contratação de bolsistas e despesas logísticas.

O evento marcou não apenas a recuperação das obras danificadas, mas também reforçou a importância da preservação do patrimônio cultural do país e da defesa da democracia, valores essenciais para a sociedade brasileira.

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