Taynara Gomes, coordenadora de pesquisa do CBJC, ressalta a importância de analisar esses dados de forma segmentada, levando em consideração questões raciais e de gênero. Ela destaca que a população negra é a mais vulnerabilizada diante da crise climática, com menor acesso a empregos formais, salários mais baixos e maior insegurança na posse de moradia.
Os números apresentados no boletim demonstram que os trabalhadores negros recebem cerca de 60% do salário dos trabalhadores brancos, mesmo possuindo a mesma qualificação. Além disso, a taxa de informalidade no trabalho é maior entre as pessoas negras do que entre as brancas. Os cargos de liderança são ocupados em sua maioria por pessoas brancas, enquanto a população economicamente ativa é composta por 56,1% de pessoas negras.
No cenário rural, a situação não é diferente. A agricultura familiar conta com uma maioria de pessoas pretas e pardas, que muitas vezes trabalham de forma informal e não possuem acesso adequado a políticas públicas e tecnologias. As mulheres negras também são maioria entre os trabalhadores domésticos e dedicam mais horas do que os homens aos afazeres domésticos.
Diante desses dados alarmantes, é urgente uma reflexão sobre a necessidade de políticas públicas e ações afirmativas que possam mitigar os impactos da emergência climática nas populações mais vulneráveis. A falta de acesso a empregos formais, à renda e à segurança da moradia torna essas pessoas ainda mais expostas aos efeitos devastadores das mudanças climáticas. A conscientização e a ação são fundamentais para garantir um futuro mais justo e sustentável para todos.