BRASIL – Decisão judicial determina pagamento mensal de R$ 34.577,89 a viúva de Vladimir Herzog como reparação econômica pelo assassinato durante a ditadura.

O juiz federal Anderson Santos da Silva, da 2ª Vara Federal Cível de Brasília, proferiu uma decisão liminar determinando o pagamento mensal de R$ 34.577,89 a Clarice Herzog, viúva do renomado jornalista Vladimir Herzog. O motivo do pagamento seria a reparação econômica em caso de reconhecimento de Herzog como anistiado político, embora esse reconhecimento ainda não tenha sido formalizado, mesmo diante das evidências da perseguição sofrida pelo jornalista.

Vladimir Herzog foi brutalmente assassinado por agentes da ditadura militar em outubro de 1975, um acontecimento que chegou a ser camuflado como suicídio. No entanto, a Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) reconheceu o assassinato como uma execução extrajudicial em 2018, condenando o Brasil por não esclarecer adequadamente as circunstâncias da morte do jornalista.

Em decorrência disso, a decisão do juiz foi pautada na urgência de garantir à viúva de Herzog, que já possui 83 anos e sofre de Alzheimer em estágio avançado, um valor mensal vitalício como compensação. A defesa de Clarice também pleiteou mais de R$ 2 milhões em pagamentos retroativos dos últimos cinco anos, um pedido que ainda aguarda análise do magistrado.

O Instituto Vladimir Herzog e a família do jornalista se manifestaram positivamente em relação à decisão liminar, ressaltando a importância desse momento que coincide com os 50 anos do crime e a incansável busca de Clarice por justiça. O julgamento de mérito do caso continua em tramitação no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) e ainda não possui um prazo definido para uma decisão final.

Vladimir Herzog, nascido em 1937 na Croácia, foi um respeitado jornalista que atuou em veículos como a BBC em Londres e o jornal O Estado de São Paulo, além de ter sido diretor de telejornalismo na TV Cultura. Sua morte, forjada como suicídio na época da ditadura militar, foi posteriormente desmascarada, resultando na condenação da União pelo crime em 1978. Além de sua carreira no jornalismo, Herzog também foi professor de telejornalismo em renomadas instituições de ensino em São Paulo.

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