Destaca-se que, embora a porcentagem de famílias endividadas tenha diminuído, a pesquisa apontou que 20,8% dos brasileiros destinaram mais da metade de seus rendimentos para o pagamento de dívidas, o maior número desde maio de 2024. Em média, as famílias comprometeram 30% de seus ganhos para quitar suas pendências, refletindo um aumento de 0,2 ponto percentual.
O presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, analisou esse cenário, ressaltando que os altos juros e as dificuldades de acesso ao crédito levam os consumidores a buscar menor endividamento, porém, aumentam a percepção de endividamento por parte da população. Ele ainda destacou que há um sinal de alerta para a economia em 2025 devido ao comprometimento crescente da renda das famílias.
A pesquisa também evidenciou que o número de famílias com dívidas em atraso diminuiu, passando de 29,3% em dezembro para 29,1% em janeiro. Além disso, houve uma queda na porcentagem daquelas que não têm condições de pagar suas dívidas, saindo de 13% para 12,7%. No entanto, os resultados ainda persistem acima dos índices observados em janeiro de 2024.
O economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, alertou para a questão da inadimplência e do endividamento das famílias, destacando que, apesar da queda no endividamento, as dívidas estão consumindo uma parcela maior da renda dos brasileiros. Ele enfatizou que os altos juros e os prazos curtos podem manter a inadimplência em patamares elevados nos próximos meses.
A pesquisa também revelou que o cartão de crédito continua sendo a modalidade mais utilizada pelos consumidores, atingindo 83,9% do total de devedores, apesar de uma redução de 2,9 pontos percentuais em relação ao ano anterior. Já o crédito pessoal e os carnês apresentaram crescimento em suas porcentagens.
Por fim, a CNC alertou que o endividamento das famílias pode voltar a crescer ao longo do ano, com projeções de encerrar 2025 com 77,5% das famílias brasileiras endividadas e 29,8% inadimplentes. A gestão financeira se torna um desafio ainda maior para os consumidores devido à necessidade de recorrer ao crédito para o consumo e à manutenção dos juros elevados.