Para o cientista político Mauricio Santoro, professor do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha, a criação do Conselho de Direitos Humanos já indicava um lugar de maior prestígio para o tema dos direitos humanos dentro da ONU. Composto por 47 países eleitos pelos 193 membros da Organização, o conselho possui um Alto Comissário escolhido pelo secretário-geral da ONU e trabalha em mandatos de 3 anos.
O principal objetivo do UNHRC é promover e proteger os direitos humanos em todo o mundo, abordando situações de violações e fazendo recomendações sobre elas. Em seus 19 anos de existência, o conselho já emitiu mais de 1.400 resoluções sobre situações em diversos países, exercendo pressão política e jurídica sobre aqueles que desrespeitam os direitos humanos.
No entanto, a saída dos Estados Unidos do conselho, após o presidente Donald Trump assinar uma Ordem Executiva nesse sentido, trouxe novas dinâmicas para o funcionamento do órgão. Trump justificou a saída alegando que o UNHRC protege violadores de direitos humanos e ataca seus aliados, como os EUA e Israel. A decisão de Trump de se retirar do conselho reflete uma visão de política externa que coloca os interesses dos Estados Unidos acima de qualquer outra consideração.
A saída dos Estados Unidos do UNHRC também levou Israel a seguir o exemplo e anunciar sua própria saída do órgão. Essas movimentações geraram críticas de diversas organizações internacionais, como a Anistia Internacional, que condenaram a decisão em um momento em que os direitos humanos estão sendo violados em várias partes do mundo.
Apesar dos impactos da saída dos Estados Unidos e de Israel do Conselho de Direitos Humanos, a sociedade internacional aguarda para ver como outros países, como os da União Europeia e do Sul Global, se posicionarão em relação à promoção e proteção dos direitos humanos no planeta. A saída de dois países tão poderosos do conselho pode ser uma oportunidade para novos líderes globais assumirem a responsabilidade de defender os direitos humanos em todo o mundo.