BRASIL – Desafios do governo federal: Aproximação com bancada evangélica é crucial para legislativo em retorno às atividades, apontam pesquisadores.

Com o retorno das atividades no Legislativo, uma das principais questões em pauta para o governo federal é a aproximação com o grupo de parlamentares conservadores da bancada evangélica. Esse desafio foi destacado por pesquisadores, incluindo o escritor André Ítalo, autor do livro “A Bancada da Bíblia: uma história de conversões políticas”.

Segundo o pesquisador, a bancada evangélica, apesar de possuir uma postura mais conservadora em questões relacionadas aos costumes, sempre demonstrou ser pró-governo em assuntos econômicos. Essa proximidade, de acordo com ele, era motivada pela conveniência de manter privilégios, como a isenção tributária para igrejas.

Historicamente, a bancada evangélica esteve presente nos governos anteriores, apoiando presidentes como Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro. No entanto, a relação entre o governo de Jair Bolsonaro e a bancada foi marcada por uma afinidade ideológica inédita, que dividiu águas nesse histórico governista dos evangélicos. Com a volta de Lula ao poder, a bancada evangélica deixou de ser tão governista.

Atualmente, a bancada evangélica conta com cerca de 90 a 100 deputados na Câmara dos Deputados e entre 10 a 15 senadores no Senado, representando menos de 20% e 30% da população evangélica, respectivamente. Esse crescimento mais lento da bancada está diretamente relacionado ao crescimento menos acelerado da população evangélica.

Por outro lado, o professor Leonardo Barreto, da Universidade de Brasília (UnB), destaca que a bancada evangélica não é homogênea e enfrenta desafios decorrentes do seu crescimento. Ele ressalta a estratégia sofisticada do Partido Republicanos, que abriu espaço para políticos não evangélicos, como o atual presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta. No entanto, a bancada enfrenta pressões de uma base mais conservadora e à direita, limitando suas opções políticas.

O estudo de André Ítalo também revela a origem da bancada evangélica e sua diferenciação da Frente Parlamentar Evangélica. A frente, composta por 219 deputados e 26 senadores de diferentes ideologias partidárias, possui um papel importante no cenário político. Os deputados evangélicos, que atualmente são cerca de 90, não possuem força suficiente para constituir a frente sozinhos e dependem da colaboração de parlamentares não evangélicos.

Esses são alguns dos desafios e características da bancada evangélica no cenário político brasileiro, que continuam sendo objeto de estudo e observação por parte de pesquisadores e analistas políticos.

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