BRASIL – Ministro Gilmar Mendes propõe nova legislação para demarcação de terras indígenas com autorização para mineração, gerando polêmica no STF.

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), apresentou uma proposta de nova legislação que pode abrir caminho para a autorização da mineração em terras demarcadas indígenas. O texto em discussão resulta de um longo processo de conciliação iniciado no ano passado, envolvendo líderes indígenas, representantes dos Três Poderes e da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Como relator de cinco ações sobre a tese do marco temporal, Gilmar Mendes elaborou um projeto de lei para substituir a atual legislação, que legalizou o marco temporal e está sendo questionada no Supremo pelos líderes indígenas. A proposta ressalta que o direito dos indígenas sobre suas terras tradicionais independe da existência de um marco temporal.

Além disso, o projeto dedica seções específicas para regulamentar a mineração em terras indígenas, estabelecendo que a exploração de recursos minerais deve ser realizada no interesse nacional e por prazo determinado, com autorização do Congresso. A comunidade afetada teria direito a 50% do valor da Contribuição Financeira pela Exploração Mineral, conforme a proposta.

Durante uma audiência no STF para discutir a proposta, pouco consenso foi demonstrado entre os presentes. Representantes indígenas, da PGR e de outras instituições questionaram a inclusão da exploração mineral como uma possibilidade após a demarcação das terras. A procuradora Eliana Torelli, da PGR, destacou que a questão da mineração requer um debate mais aprofundado, principalmente em questões técnicas.

O deputado Pedro Lupion também expressou preocupação com o texto da proposta, argumentando que não contempla uma solução consensual e não resolve de forma eficaz o impasse em torno do marco temporal. Representantes da União, como o Ministério dos Povos Indígenas e a Funai, afirmaram que não puderam opinar sobre o texto, pois não tiveram tempo de discuti-lo com as lideranças indígenas.

Diante das divergências e questionamentos, a Advocacia-Geral da União (AGU) solicitou a ampliação do prazo para discussão da proposta. Este é um tema que envolve interesses diversos e sensíveis, requerendo um cuidadoso e amplo debate para garantir a proteção dos direitos indígenas e a preservação do meio ambiente.

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