BRASIL – Ex-ajudante de Ordens acusa Bolsonaro de receber propina em acordo de delação premiada: US$ 86 mil em dinheiro vivo.

O ex-ajudante de Ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, revelou em acordo de delação premiada à Polícia Federal (PF) que o ex-presidente teria recebido US$86 mil em dinheiro vivo pela venda de relógios e joias que faziam parte do acervo da Presidência da República. De acordo com as informações fornecidas por Cid, os itens foram inicialmente recebidos por Bolsonaro como presentes de autoridades estrangeiras.

Segundo o tenente-coronel, ele mesmo teria entregue uma parte desse dinheiro, no valor de US$18 mil, a Bolsonaro em meados de 2022, após a venda de um kit de joias Chopard que fora presenteado pela Arábia Saudita em 2019 e vendido em Miami, nos Estados Unidos. Os outros US$68 mil teriam sido repassados ao ex-presidente de forma fracionada, em espécie, por intermédio do pai de Mauro Cid, o general Mauro Cesar de Lourena Cid, que residia nos EUA.

O depoimento do tenente-coronel também revelou que não há registros oficiais da venda dos bens, sendo que ele apenas descontou os custos com passagem aérea e aluguel de veículo. Ele ainda afirmou que combinou com seu pai que os demais US$68 mil seriam sacados de forma parcelada e entregues conforme alguém conhecido viajasse dos Estados Unidos para o Brasil.

O conjunto de relógios e joias, apelidado de “kit ouro branco”, foi selecionado no acervo presidencial por Mauro Cid a pedido de Bolsonaro, que gostaria de identificar quais objetos presenteados poderiam ser vendidos com maior facilidade. Cid ainda relatou que os itens foram vendidos sem o conhecimento de outras pessoas, sendo uma negociação apenas entre ele e o ex-presidente.

Em julho do ano passado, tanto Bolsonaro quanto Mauro Cid e outros 11 investigados foram indiciados pela Polícia Federal por desvio dos itens. O ex-presidente é suspeito de peculato, crime de apropriação de bens públicos para proveito próprio. A defesa de Bolsonaro nega seu envolvimento no caso.

A delação premiada de Mauro Cid teve seu sigilo levantado pelo ministro Alexandre de Moraes no último dia 19, um dia após o procurador-geral da República, Paulo Gonet, ter denunciado o tenente-coronel, Bolsonaro e outras 33 pessoas por tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, entre outros crimes. A investigação continua e a Procuradoria-Geral da República deve decidir sobre a eventual denúncia dos envolvidos.

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