BRASIL – Mulheres marisqueiras de Alagoas buscam apoio para enfrentar impactos do crime ambiental da Braskem em encontro com ministra das Mulheres

Na última quinta-feira (20), marisqueiras e pescadoras alagoanas se reuniram com a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, em busca de apoio para lidar com os danos causados pelo crime ambiental da mineradora Braskem. Há sete anos, a exploração de sal-gema resultou no afundamento de bairros inteiros de Maceió, afetando cerca de 60 mil pessoas, incluindo as mulheres que dependem da pesca do marisco.

Em entrevista à Agência Brasil, Maria Silva Santos, presidente da Federação dos Pescadores e Aquicultores de Alagoas (Fepeal), destacou a importância do encontro com a ministra para reivindicar políticas públicas que atendam às necessidades das trabalhadoras afetadas. Ela ressaltou que o impacto ambiental provocou mudanças significativas na vida das marisqueiras, obrigando-as a se deslocarem por longas distâncias para garantir seu sustento.

Durante a reunião, as mulheres compartilharam experiências de perda de moradia, restrição ao trabalho em seus territórios de origem, contaminação da água e redução de renda familiar. Ana Paula Santos, integrante da Rede de Mulheres Pescadoras da Costa dos Corais, enfatizou que além das agressões físicas, as mulheres enfrentam também o racismo ambiental e a poluição dos rios e mares.

A ministra Cida Gonçalves se comprometeu a buscar soluções rápidas para os problemas enfrentados pelas trabalhadoras, ressaltando a importância da atuação conjunta de diferentes órgãos do governo. Maria Silva Santos enfatizou que muitas dessas mulheres são mães e chefes de família, mantendo viva a tradição da pesca passada de geração em geração.

Atualmente, Alagoas conta com mais de 20 mil pescadores artesanais, sendo 58% mulheres, de acordo com dados do Sistema de Registro Geral da Atividade Pesqueira. A presidente da Fepeal informou que está em andamento um levantamento da situação das pescadoras no estado, considerando também o impacto das mudanças climáticas na atividade pesqueira.

Além da preocupação com a contaminação da lagoa e a redução dos estoques de pescado, as mulheres enfrentam desafios como a diminuição do sururu, devido às alterações no regime de chuvas. A secretária estadual da Mulher e dos Direitos Humanos, Maria Silva, destacou a importância de garantir dignidade, respeito, segurança, educação e saúde para as trabalhadoras do setor pesqueiro.

Em paralelo ao apoio às marisqueiras, a ministra Cida Gonçalves assinou um contrato de repasse de recursos para a construção da Casa da Mulher Brasileira em Maceió, com o objetivo de oferecer atendimento integrado e humanizado às mulheres alagoanas. O governador do estado também aderiu ao Pacto Nacional de Prevenção aos Feminicídios, reforçando o compromisso com a proteção e empoderamento das mulheres em Alagoas.

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