BRASIL – Ministério da Cultura analisa medidas para preservar prédio do Dops, local de repressão política no Rio, em estado de abandono.

O Ministério da Cultura está empenhado em garantir a preservação do prédio da Polícia Central, localizado na Lapa, no centro do Rio de Janeiro, onde funcionou o Departamento de Ordem Política e Social (Dops). Este edifício teve um papel crucial durante o Estado Novo, período entre 1937 e 1945, sob o governo de Getúlio Vargas, e também na ditadura militar, sendo utilizado como local de perseguição e tortura aos opositores dos regimes autoritários. Personalidades como Luiz Carlos Prestes, Olga Benário e Nise da Silveira estiveram detidas neste local sombrio.

O Ministério da Cultura está considerando acionar os mecanismos previstos no Termo de Transferência do Imóvel, de 1965, que permite a retomada do edifício pela União caso ele não esteja mais cumprindo sua função original. A intenção do Ministério é transformar o espaço em um memorial que honre as vítimas da repressão política e promova a reflexão sobre os valores democráticos. O prédio encontra-se abandonado há cerca de 40 anos e o Coletivo RJ MVJR destaca a importância de resgatar a memória histórica desse local.

No entanto, o Governo do Estado do Rio de Janeiro surpreendeu ao suspender uma visita técnica que estava agendada e confirmada pelo Ministério da Cultura. Segundo a justificativa apresentada, o edifício está atualmente interditado para visitas públicas e técnicas devido a questões de segurança após uma recente reforma. Mesmo diante desse entrave, o Ministério da Cultura mantém seu compromisso de realizar a agenda e discutir soluções que respeitem a importância histórica do local.

O prédio da Polícia Central é considerado um bem do patrimônio histórico e artístico do estado do Rio de Janeiro, sendo palco de episódios sombrios da história brasileira. Muitos objetos sagrados de religiões de matrizes africanas foram armazenados neste local na época da repressão, e hoje compõem o Acervo Nosso Sagrado, tombado pelo Iphan.

O Coletivo RJ MVJR e diversas organizações da sociedade civil pleiteiam a transformação do prédio em um Centro de Memória dos Direitos Humanos, exigindo que o governo federal assuma a responsabilidade pela preservação deste patrimônio histórico. O prédio, embora em ruínas, guarda elementos autênticos que testemunham a trágica história da repressão política no país.

O governo do estado do Rio de Janeiro ainda não se pronunciou sobre as reivindicações da sociedade civil e a situação do prédio da Polícia Central continua incerta. O Ministério da Cultura mantém sua preocupação em resgatar a memória histórica desse local emblemático e seguirá em busca de soluções que preservem a importância do edifício para as futuras gerações.

Sair da versão mobile