Em 2014, cerca de 203 mil brasileiros foram afastados do trabalho devido a episódios depressivos, transtornos de ansiedade, reações ao estresse grave e outras questões relacionadas à saúde mental. No entanto, em 2024, os números mais do que dobraram, ultrapassando 440 mil afastamentos, um recorde na série histórica.
Os principais motivos de afastamentos em 2024 foram transtornos de ansiedade, episódios depressivos, transtorno depressivo recorrente, transtorno afetivo bipolar, entre outros. Os casos de afastamento por doenças mentais mostram um cenário preocupante de crescimento exponencial em uma década.
Segundo o professor de psicologia da Universidade Federal da Bahia, Antonio Virgílio Bittencourt Bastos, essa crescente crise de saúde mental reflete não apenas no ambiente de trabalho, mas também nas mudanças sociais, tecnológicas e econômicas da sociedade como um todo.
Para ele, a reestruturação e as rápidas mudanças na dinâmica social têm impactado diretamente na qualidade de vida das pessoas, tornando-se um dos grandes desafios do milênio. O psicólogo ressalta a importância de programas e ações específicas do estado para oferecer apoio e suporte de forma contínua e não apenas paliativa.
Bastos defende a necessidade de mudanças profundas no modelo de gestão e nas relações de trabalho para lidar efetivamente com o problema da saúde mental. Ele alerta que apenas oferecer assistência psicológica não resolverá a questão, sendo fundamental uma abordagem estrutural e de longo prazo.
Diante desse contexto, a crise na saúde mental no ambiente de trabalho mostra a urgência de medidas que promovam um equilíbrio entre vida profissional e pessoal, garantindo assim uma qualidade de vida mais sustentável e harmoniosa para todos os trabalhadores brasileiros.