Os dados analisados também mostraram que, dentre as 2,4 mil estações de rádio analisadas, 1.248 não possuíam portal de notícias, o que representa 52% do total. Já entre os 1 mil veículos de mídia escrita, 214 não tinham site próprio, o que equivale a 21%.
Para a CEO do I’Max, Fernanda Lara, o saldo negativo de mídias descontinuadas nos últimos anos é preocupante, especialmente considerando que muitas delas eram veículos tradicionais e centenários, representando cidades populosas. A transformação digital e a mudança nos hábitos de consumo de notícias foram apontadas como fatores que impactaram negativamente o negócio do jornalismo.
Fernanda ressaltou que o período da pandemia de covid-19 contribuiu significativamente para os resultados negativos, com os anos de 2021 e 2022 apresentando números mais expressivos nesse sentido. No entanto, nos últimos dois anos, 2023 e 2024, houve uma leve recuperação na produção jornalística brasileira, embora o déficit ainda seja consideravelmente elevado em comparação com anos anteriores.
A jornalista Claudia Nonato, pesquisadora do Centro de Pesquisa em Comunicação e Trabalho da ECA/USP, também analisou o panorama do jornalismo brasileiro, destacando a migração de profissionais para plataformas digitais e as mudanças nos modelos de financiamento e distribuição de conteúdo. Ela ressaltou a criação de novos formatos e modelos no jornalismo digital, mas alertou para os desafios trazidos pela difusão da desinformação na sociedade e na política.
Em meio a esse cenário de transformações e desafios, o financiamento do jornalismo permanece como uma questão crítica, especialmente para os pequenos veículos, que dependem de apoio de fundações, vaquinhas virtuais ou editais públicos. Grandes plataformas como Meta e Google têm se mostrado interessadas em investir nesses projetos, mas ainda é necessário encontrar soluções sustentáveis para garantir a sobrevivência e o fortalecimento da mídia jornalística no país.