BRASIL – Uso da Guarda Civil em ações na Cracolândia é criticado por entidade.

No último episódio de violência na Cracolândia, área que abriga moradores em situação de rua e usuários de drogas, os moradores foram alvo de mais uma ação agressiva por parte das forças de segurança pública. A operação ocorreu na última quinta-feira (17), durante o evento Festival Cultura e Pop Rua, que acontecia na região.

Um vídeo obtido pela Agência Brasil mostra o relato de um artista em situação de rua, Kleber, que participou do festival e foi vítima da ação policial. Kleber conta que, após sua apresentação, durante uma caminhada pela rua, os agentes policiais lançaram bombas de gás lacrimogêneo para dispersar o grupo próximo a ele. Além disso, ele teve sua camiseta nova queimada e um boné danificado, além de terem levado seus pertences, como dinheiro e itens de higiene.

A diretora executiva da Rede Liberdade, advogada Amarilis Costa, aponta que além da falha do poder público em lidar com a vulnerabilidade da população em situação de rua, a especulação imobiliária também é um fator presente na Cracolândia. Ela destaca a atuação dos coletivos, que têm escutado as demandas das pessoas e feito a diferença na região.

A forma como a Guarda Civil Metropolitana (GCM) é usada na região também é questionada pela advogada, que denuncia o desvio de finalidade da GCM e seu uso para constranger e criminalizar as pessoas que estão na Cracolândia. Ela ressalta a necessidade de mudanças na abordagem da Polícia Militar.

Paralelamente, a Prefeitura de São Paulo tem monitorado de perto o fluxo de usuários de drogas na Cracolândia. Através do Programa Redenção, foi lançado um painel que permite visualizar a variação no volume de pessoas na região desde janeiro deste ano. A ferramenta utiliza o método de Jacobs, que conta a densidade das aglomerações visíveis para determinar a quantidade de pessoas presentes.

Segundo a prefeitura, a média de circulação na área da Cracolândia neste mês foi de 451 pessoas pela manhã e 508 à tarde. O pico foi registrado no dia 3, com um total de 783 pessoas. Além disso, a prefeitura tem investido em câmeras de segurança com reconhecimento facial, através do programa Smart Sampa, que deverão ser espalhadas pela cidade.

A Agência Brasil entrou em contato com a prefeitura e a Secretaria da Segurança Pública em busca de resposta, mas ainda aguarda retorno. A prefeitura afirma que as câmeras de segurança custarão R$ 9,8 milhões por mês e ficarão armazenadas por 30 dias.

No Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua, neste sábado (19), é importante refletir sobre a violência vivida pelos moradores da Cracolândia e buscar soluções que vão além da segurança pública, abordando questões como a vulnerabilidade social e a especulação imobiliária. É necessário que medidas efetivas de acolhimento e reparo sejam tomadas para ajudar essa parcela da população marginalizada e explorada.

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