ABSURDO! – Dono de seguradora é alvo da Polícia suspeito de comprar peças de caminhão roubado

Na fatídica noite de sexta-feira, 16 de junho, o empresário Luciano Agrício da Silva foi atingido por um golpe doloroso: seu caminhão modelo 1620 foi roubado sem cerimônia. E no sábado seguinte marcou o início de uma busca incessante para desvendar os detalhes desse incidente do caminhão, que desapareceu. Ao investigar, conforme informações coletadas dos vizinhos, o veículo havia sido transportado do local por um caminhão plataforma, vinculado a uma empresa até então desconhecida.

Erivan
Alexsandro Alves de Lima, dono de seguradora e receptador de caminhões roubados

A primeira tentativa de contato com o proprietário da empresa, Luciano Guincho, resultou em uma negação de envolvimento no roubo. Entretanto, após pressão contínua, detalhes sombrios vieram à tona. Um dos funcionários de Luciano Guincho confessou que, de fato, ele havia transportado o caminhão de Luciano Agrício para atender um contrato de dois clientes com os quais tinham relações comerciais. Intrigante foi o fato de que o funcionário, embora desconfiado, acatou a ordem de seu chefe devido à natureza aparentemente confiável dos clientes em questão.

A trilha de pistas levou a investigação ao local onde o caminhão foi descarregado. O veículo já não mais existia, pois havia sido completamente desmontado em um condomínio próximo ao Maceió I. Um morador local relatou ter testemunhado a cabine do caminhão sendo transportada em uma plataforma da seguradora Nacional Protect, acoplada a um veículo, fato que aconteceu por trás do novo Detran. Com base nesse fragmento de informação, as investigações se voltaram para a área do loteamento Mainá, onde um galpão chamou a atenção.

O proprietário do galpão, Alexsandro Alves de Lima, também conhecido como o dono da Nacional Protect Associado de Benefícios, foi encontrado com peças do caminhão roubado em seu estabelecimento. Entre elas estavam a cabine, o radiador, o eixo dianteiro e o motor. Questionado sobre a origem dessas peças, Alexsandro afirmou tê-las adquirido de um funcionário do proprietário de um ferro-velho próximo. No entanto, seu desconhecimento sobre a procedência criminosa das peças foi duramente desafiado quando o valor de mercado delas se mostrou muitas vezes superior ao que ele pagou.

Erivan
Erivan, dono de ferro velho

O relato de Alexsandro abriu um panorama perturbador: o proprietário do ferro-velho, de nome Erivan apelidado de “Atalaia”, em conluio com seus colaboradores Gabriel e “Goiaba”, não apenas desmontou completamente o caminhão roubado, como também vendeu as partes como sucata, além de fornecê-las a Alexsandro, que, curiosamente, também é dono de uma seguradora. As sombras desse escuro esquema de desmanche e revenda de peças foram projetadas nas imediações do Departamento de Trânsito (Detran), exigindo um escrutínio rigoroso das autoridades responsáveis. O local onde ocorreu esse caso já foi palco de diversas irregularidades semelhantes, com veículos roubados sendo desmontados ilegalmente.

Apesar da descoberta dos produtos roubados durante uma operação liderada pela delegacia de roubo de veículos, Tigre e P2, em 20 de junho, o desdobramento legal do incidente permanece suspenso. A delegacia especializada ainda não tomou medidas para avançar com o inquérito, seja na esfera cível ou criminal. Isso deixou Luciano Agrício da Silva, vítima desse complexo esquema, em uma situação devastadora, incapaz de recuperar seu meio de subsistência e retomar suas atividades profissionais.

SEM SOLUÇÃO

Criminosos ofereceram dinheiro para vítima esquecer do caso

As últimas revelações indicam que os suspeitos detidos inicialmente conseguiram se esquivar da justiça através do pagamento de fiança. No entanto, os laços que os uniam a um sinistro esquema de roubo e revenda de peças logo vieram à tona. O enredo tomou um rumo ainda mais obscuro quando um dos suspeitos, em um movimento inesperado, entregou informações incriminadoras.

Essa virada deu início a uma série de eventos que levaram a polícia a bater à porta do ferro-velho, revelando um círculo vicioso de atividades ilegais. O dono do ferro-velho, agora sob o foco das autoridades, não hesitou em compartilhar detalhes explosivos. Ele apontou o dedo para um empresário da seguradora, alegando que este último tinha adquirido peças roubadas oriundas dos veículos desmantelados.

A trama fica ainda mais complexa quando o advogado dos suspeitos originais se envolve. Surpreendentemente, ele abordou a vítima, Luciano Agrício, com uma proposta de acordo. Em um gesto que desafia qualquer senso de justiça, o advogado ofereceu uma quantia muito abaixo do valor do caminhão – uma fração do que ele vale – como compensação.

A situação é agravada pelo estado em que o caminhão foi encontrado. Totalmente desmontado e despido de suas partes, o veículo agora não passa de um espectro do que um dia foi. Esse desenvolvimento só serve para destacar a amplitude e a audácia das atividades criminosas envolvidas. A reportagem entrou em contato com o delegado de Roubos e Furtos de Veículos e Cargas (DRFVC), Ronilson Medeiros, que apura o caso. Segundo ele, a investigação ainda está em andamento com a coleta de depoimentos para finalização do inquérito policial.

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