De 1985 a 2018, o horário de verão foi adotado todos os anos no país. No entanto, em 2019, o então presidente Jair Bolsonaro decidiu extingui-lo, e até o momento não há indícios de que ele será retomado neste ano.
Segundo o Ministério de Minas e Energia, não há necessidade de adiantar os relógios este ano devido às boas condições de suprimento energético do país. A pasta afirma que o planejamento seguro implantado desde o início do governo garante essa condição. Além disso, o ministro Alexandre Silveira ressalta que os reservatórios das usinas hidrelétricas estão no melhor momento dos últimos 10 anos.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) também indica que os níveis de Energia Armazenada (EAR) nos reservatórios devem se manter acima de 70% na maioria das regiões em setembro, o que representa estabilidade no sistema. Em comparação com 2018, último ano de implementação do horário de verão, os reservatórios do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, um dos mais importantes do país, apresentam uma EAR de 73,1% este ano, enquanto no ano anterior era de apenas 24,5%.
Outro argumento contrário à retomada do horário de verão é o aumento da oferta de energia elétrica nos últimos anos, impulsionado pelo uso de usinas eólicas e solares. O professor de Planejamento Energético Marcos Freitas destaca que o setor de energia não enxerga grandes ganhos com a medida.
Em relação às mudanças nos hábitos de consumo, o horário de pico se deslocou para a tarde, principalmente devido ao aumento do uso de aparelhos de ar-condicionado. Além disso, a iluminação não representa mais uma parte significativa do consumo de energia, devido à adoção de lâmpadas mais econômicas e eletrodomésticos eficientes.
Embora o professor Freitas seja favorável ao horário de verão por questões pessoais, ele reconhece as limitações da medida e destaca que a sua adoção neste ano seria mais por uma questão de hábito da população do que pela necessidade do setor elétrico.
Em resumo, as boas condições de suprimento energético, os reservatórios das usinas hidrelétricas em níveis satisfatórios e o aumento da oferta de energia elétrica são argumentos que apoiam a decisão de não adotar o horário de verão neste ano. A mudança nos padrões de consumo de energia e a redução da importância da iluminação também contribuem para essa decisão.