BRASIL – “Mil policiais militares e civis atuarão em operação conjunta com forças federais no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro”

Mil policiais militares e civis serão empregados em uma operação conjunta com as forças federais no Complexo da Maré, zona norte do Rio de Janeiro. O anúncio foi feito pelo governador Cláudio Castro nesta terça-feira (3). O objetivo da ação é combater organizações criminosas, e o efetivo foi disponibilizado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.

O governador Castro informou que a operação contará com o uso de drones equipados com sistema de inteligência artificial de reconhecimento facial e de placas, além de 50 viaturas, 12 blindados, três aeronaves, cinco ambulâncias e a unidade de demolição da Polícia Militar, que irá remover barricadas. O planejamento da ação visa utilizar “muita inteligência, tecnologia e investigação”, segundo o governador.

No dia anterior, o governador se reuniu com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, que disponibilizou 570 agentes, sendo 300 da Força Nacional e 270 da Polícia Rodoviária Federal, além de 50 viaturas e 22 blindados. O ministro também anunciou a destinação de R$ 95 milhões para presídios de segurança máxima no estado do Rio.

A ação das forças federais não se limitará apenas ao Complexo da Maré. De acordo com o governador, haverá um trabalho amplo de investigação, bloqueio de recursos financeiros, combate ao tráfico de armas e drogas, prisão dos líderes das facções criminosas e também o envio desses líderes para presídios federais. Trata-se, portanto, de uma ação mais completa e complexa do que as operações já realizadas.

A utilização da Força Nacional e a cooperação com as autoridades fluminenses fazem parte do apoio emergencial estabelecido pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública nos últimos dias. Esse apoio inclui a liberação de R$ 20 milhões do Fundo Nacional de Segurança Pública para o governo da Bahia adquirir equipamentos e viaturas, além de custear despesas dos órgãos de segurança pública e defesa.

No entanto, a operação conjunta foi questionada pelo Ministério Público Federal (MPF). O MPF enviou um ofício ao secretário executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Capelli, solicitando informações sobre o apoio federal e se ele obedecerá aos comandos da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e do Supremo Tribunal Federal (STF). Entre as determinações do STF estão o uso de câmeras durante as ações policiais, elaboração de protocolos de atuação policial públicos e transparentes, e prestação de serviços médicos aos feridos durante as operações.

Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostram que, em 2022, 1.327 pessoas foram mortas em ações das forças de segurança no estado do Rio, representando 29,7% de todas as mortes violentas registradas no ano. Além disso, nos últimos sete anos, as ações e operações policiais foram a principal causa de morte e ferimentos em crianças e adolescentes, segundo o Instituto Fogo Cruzado. Durante esse período, 112 crianças e adolescentes foram mortos e 174 ficaram feridos.

A operação conjunta no Complexo da Maré visa combater o crime organizado e garantir a segurança na região. As forças federais e estaduais unem esforços para realizar uma ação eficiente e baseada em inteligência e tecnologia. No entanto, é importante que as operações policiais sejam realizadas em conformidade com os princípios de direitos humanos e com as determinações da CIDH e STF para evitar abusos e proteger a população.

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