Mortandade de peixes no rio Santo Antônio preocupa autoridades e ambientalistas e gera debate sobre ações de recuperação.

Na segunda-feira, dia 6, a Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa realizou uma audiência pública para debater a mortandade de peixes no rio Santo Antônio, localizado no município de Barra de Santo Antônio. A reunião, convocada pelo presidente da Comissão, deputado Delegado Leonam (União Brasil), contou com a presença de representantes do Instituto do Meio Ambiente (IMA), da Prefeitura da Barra de Santo Antônio, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e da Colônia de Pesca da Barra de Santo Antônio e da Usina Santo Antônio.

No dia 24 de outubro, centenas de peixes foram encontrados mortos no rio Santo Antônio. Os pescadores afirmaram à imprensa que essa situação ocorre todos os anos e que os animais aparecem mortos na foz do rio. Em 2020, a morte de aproximadamente meia tonelada de peixes de cinco espécies diferentes foi registrada, e eles se espalharam ao longo de três quilômetros de praia na Ilha da Crôa. Um levantamento realizado pela Ufal apontou a presença de agrotóxicos no local, que podem ocasionar efeitos irreversíveis no bioma da região.

O deputado Leonam ressaltou que a Comissão convocou a audiência para investigar o que está ocorrendo no rio Santo Antônio e buscar as punições para os responsáveis. Leonam enfatizou a importância de apurar a responsabilidade cível e criminal de todos os envolvidos nessa mortandade de peixes, pois o desequilíbrio do ecossistema prejudica não só a vida dos animais mortos, mas também a população ribeirinha, que depende da pesca e do comércio do pescado.

O professor Emerson Soares, da Ufal, responsável pelo monitoramento da qualidade das águas do rio Santo Antônio, realizou fotografias, coletou depoimentos e amostras para análise. Após uma semana de análise, foram encontrados poluentes e contaminantes no local, provenientes do uso de agrotóxicos e do manejo do solo. Essas substâncias foram apontadas como a possível causa da mortandade de peixes. O professor também ressaltou a necessidade de um trabalho de médio e longo prazo para recuperar o rio, incluindo o reflorestamento das áreas marginais, o cumprimento da legislação ambiental e a fiscalização das atividades na região.

O presidente da Colônia de Pescadores da Barra de Santo Antônio, Bernardo Costa, afirmou que a situação está ocorrendo há vários anos e tem causado prejuízos significativos para os pescadores. Segundo ele, a venda do pescado tornou-se difícil e muitos pescadores estão tendo que buscar outras formas de sobrevivência. O advogado da Usina Santo Antônio, César Vieira, ressaltou que a empresa tem realizado investimentos para diminuir qualquer impacto ambiental, e destacou a importância de verificar as causas e influências de todos os atores envolvidos no leito do rio Santo Antônio.

A prefeita de Barra de Santo Antônio, Lívia Carla, expressou sua preocupação com a situação dos ribeirinhos e pescadores da região. Ela ressaltou a necessidade de apoio dos órgãos competentes para solucionar esse grave problema e destacou o impacto ambiental e econômico que a mortandade de peixes tem causado no município. A técnica de laboratório do IMA, Ana Karina Pimentel, informou que o órgão enviou uma equipe ao local para investigar a mortandade de peixes. Durante as operações, foram realizadas coletas de água e verificação do nível de oxigênio do rio. A Usina Santo Antônio e uma carcinicultura foram autuadas por lançamento irregular de efluentes, e foram emitidas intimações para a produção de um plano de recuperação da área degradada.

A Comissão de Meio Ambiente vai preparar um relatório com base nos depoimentos dos envolvidos e encaminhar para as autoridades competentes, como a Delegacia Estadual de Crimes Ambientais e a Polícia Federal, para investigar a possibilidade de um crime ambiental. Espera-se que ações sejam tomadas para evitar a repetição dessas mortandades de peixes e para restaurar a saúde do rio Santo Antônio.

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