BRASIL – STJ retoma julgamento de recurso sobre condenação de ex-coronel do Exército por assassinato durante a ditadura militar.

O julgamento para restabelecer a condenação do ex-coronel do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra a indenizar a família do jornalista Luiz Eduardo Merlino, assassinado durante a ditadura militar em 1971, será retomado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) nesta terça-feira (7). O processo começou a ser julgado em junho deste ano, porém, após alguns adiamentos, será concluído agora na Quarta Turma do tribunal.

A discussão gira em torno da legalidade da decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) que anulou a condenação dos herdeiros de Ustra ao pagamento de R$ 100 mil para a viúva e a irmã de Merlino, além de reconhecer a participação do ex-coronel nas sessões de tortura que levaram à morte do jornalista. O relator do caso, ministro Marco Buzzi, votou pela anulação da decisão do tribunal paulista e determinou que a primeira instância julgue novamente o caso.

Buzzi considerou que os crimes atribuídos a Ustra podem ser considerados contra a humanidade, e, portanto, a pretensão de reparação às vítimas e seus familiares não prescreve. Ele ressaltou que a Lei de Anistia, promulgada em 1979 para anistiar crimes cometidos durante a ditadura, não impede o andamento das ações indenizatórias, que são de natureza cível.

Por outro lado, a ministra Maria Isabel Gallotti votou a favor da manutenção da decisão do TJSP de considerar o caso prescrito. Ainda faltam os votos dos ministros João Otávio de Noronha, Antonio Carlos Ferreira e Raul Araújo para definir o resultado final.

Luiz Eduardo Merlino, integrante do Partido Operário Comunista na época, foi preso em julho de 1971, em Santos, e levado para o DOI-Codi, onde foi torturado por aproximadamente 24 horas e morreu quatro dias depois.

Este caso representa mais um capítulo da busca por justiça e reparação das violações de direitos humanos ocorridas durante o período da ditadura militar no Brasil. A retomada desse julgamento pode trazer um importante precedente para futuros processos relacionados a crimes cometidos nesse período sombrio da história brasileira.

A decisão final do STJ pode impactar diretamente não apenas a família de Luiz Eduardo Merlino, mas também outras vítimas e familiares de violações ocorridas durante a ditadura militar. A justiça brasileira tem a responsabilidade de garantir o direito à memória, à verdade e à reparação para todas as vítimas dessa época, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e democrática.

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