Após a última onda de calor que atingiu mais de 2,7 mil municípios nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta para temporais com rajadas de vento e queda de granizo nestas áreas no próximo fim de semana, a partir desta sexta-feira (17). De acordo com as previsões, o calor intenso combinado com o aumento da umidade e ventos em altas altitudes potencializam as chuvas nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás, Mato Grosso e no Distrito Federal.
Em algumas localidades, o volume de chuva em um único dia pode ultrapassar os 100 milímetros, reforçando as previsões das mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global. O climatologista Carlos Nobre, pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, ressalta que a intensificação dos extremos climáticos e hidrometeorológicos é uma consequência direta da ação humana sobre o planeta.
Nobre ainda destaca que o último ano registrou um aumento médio de temperatura de 1,15 graus Celsius (ºC) e as projeções apontam para uma elevação de 1,4ºC para este ano. “Desde os primeiros registros de civilizações, há cinco mil anos, nunca o planeta esteve tão quente. De fato, no período em que a temperatura estava nesse nível, nós temos que voltar 125 mil anos, no último Período Interglacial”, explica o especialista.
O aumento das temperaturas também induz fenômenos climáticos com maior frequência e duração, gerando ameaças não apenas para a saúde humana, mas também para as diversas espécies de todos os biomas. Em relação às ações para combater o aquecimento global, Nobre aponta que as metas do Acordo de Paris para a redução das emissões de gases do efeito estufa até 2030 podem amenizar os problemas, mas são insuficientes para diminuir o ritmo do aquecimento global.
Segundo o especialista, a queima de combustíveis fósseis é a principal causa das emissões de gases do efeito estufa no mundo, representando 70% do problema global. No Brasil, 75% das emissões até 2022 foram causadas pelo desmatamento, 50% por efeitos da agricultura e 25% da pecuária.
Carlos Nobre ressalta que o combate ao aquecimento global é o maior desafio da humanidade e destaca a necessidade de se adaptar a novas condições climáticas para evitar exposição direta das populações. Conforme conclui o especialista, atender aos objetivos do Acordo de Paris e buscar formas de adaptação são fundamentais para enfrentar os desafios causados pelo aquecimento global.
