Lula manifestou grande preocupação com a situação e pediu o apoio dos colegas sul-americanos a uma minuta acordada pelos chanceleres do bloco regional. Ele ressaltou a importância de manter a retomada do processo de integração regional sem contaminação do atual conflito, afirmando que a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) devem ser usadas para o encaminhamento pacífico da questão.
Além disso, Lula colocou o Brasil à disposição para sediar reuniões entre as partes envolvidas, enfatizando que a América do Sul não precisa de guerra, mas sim de construir a paz. O presidente brasileiro reforçou que o Mercosul não pode ficar alheio à situação e destacou a importância de buscar uma resolução pacífica para o impasse.
O encontro do Mercosul contou também com a presença do presidente Luis Lacalle Pou, do Uruguai, Santiago Peña, do Paraguai, e Alberto Fernández, da Argentina, que está prestes a deixar o cargo. Em seu discurso, Lula expressou tristeza pela última participação de Fernández como um dos presidentes do Mercosul e reconheceu o papel importante que ele desempenhou durante o seu período de governo.
Outro destaque da reunião foi a adesão da Bolívia ao bloco regional, faltando apenas procedimentos internos bolivianos para a efetivação. Lula comemorou a adesão, ressaltando que a integração entre Atlântico e Pacífico está mais próxima de se concretizar.
Além disso, Lula anunciou a assinatura de um acordo de livre comércio entre o Mercosul e Singapura, destacando o potencial do acordo para atrair investimentos. No entanto, a expectativa para o anúncio da assinatura de um tratado de comércio entre o Mercosul e a União Europeia foi frustrada, devido às resistências por parte da França.
Lula ainda ressaltou a importância de reconhecer a credibilidade dos dados sul-americanos sobre desmatamento e enfatizou o compromisso do Brasil em reduzir o desmatamento para zero até 2030. Ele também propôs a criação de uma comissão especial para discutir democracia, informação e ambientes digitais, destacando a importância de atualizar os mecanismos de regulação para garantir a liberdade de expressão e coibir práticas abusivas das grandes empresas de tecnologia.
O Mercosul, iniciado em 1991, é formado inicialmente pelo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, com a adesão posterior da Venezuela e Bolívia. Desde 2017, a Venezuela está suspensa pelo não cumprimento de cláusulas democráticas do bloco. O bloco abrange uma área de 14.869.775 quilômetros quadrados e uma população de 295 milhões de habitantes, com as trocas comerciais dentro do bloco multiplicando-se mais de dez vezes desde sua criação.
Portanto, a reunião de cúpula do Mercosul reforçou a importância de buscar soluções pacíficas para os impasses regionais e fortalecer o processo de integração entre os países membros.