O Estado de Mato Grosso, onde João Victor mora, é endêmico para hanseníase e ocupou o primeiro lugar no ranking brasileiro de casos por muitos anos. O jovem questiona a falta de serviços apesar de haver muitos casos diagnosticados: “De que adianta ter bastante caso diagnosticado e não ter serviço”. Além disso, relata o preconceito vivido desde os 17 anos: “Não sofro, mas acontece”. Marly Barbosa de Araújo, técnica em nutrição, também relata a falta de conhecimento dos profissionais de saúde acerca da doença. Ela conta que o diagnóstico tardio veio em razão de falhas no atendimento, já que precisou passar por várias unidades até conseguir uma resposta.
O Brasil diagnosticou ao menos 19.219 novos casos de hanseníase entre janeiro e novembro de 2023, um resultado 5% superior ao total de notificações registradas no mesmo período de 2022. O estado de Mato Grosso lidera as maiores taxas de detecção da doença. E a celebração do Dia Mundial de Combate e Prevenção da Hanseníase é sempre no último domingo do mês de janeiro.
A hanseníase é uma doença que, se não tratada no início dos sinais, pode causar sequelas progressivas e permanentes, incluindo deformidades e mutilações, redução da mobilidade dos membros e até cegueira. João Victor e Marly denunciam a falta de conhecimento e os preconceitos enfrentados, sendo este último um grande obstáculo não só dos profissionais da saúde, mas também da sociedade em geral. A desconstrução do preconceito e a informação são essenciais para a luta contra a hanseníase e para o acolhimento das pessoas que convivem com a doença.