BRASIL – Ministro do STF determina retirada de diálogos entre advogado e cliente de relatório da PF

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), tomou uma decisão nesta terça-feira (20) que determinou a retirada dos diálogos entre um advogado e seu cliente de um relatório da Polícia Federal (PF). Estes diálogos faziam parte de um caso envolvendo um empresário investigado por ofensas ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, no ano passado, no aeroporto de Roma.

A ação foi atendendo a um pedido da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que na segunda-feira (19), acionou o Supremo contra o delegado responsável pelo caso, Hiroshi Araújo Sakaki, alegando quebra do sigilo nas comunicações entre o advogado e seu cliente. A entidade alegou que houve ofensa grave às prerrogativas dos advogados e solicitou ao STF e à PGR providências para assegurar o sigilo das comunicações profissionais, protegidas pela Constituição.

A decisão do ministro Dias Toffoli mantém o inquérito sobre o caso sob sigilo até a retirada dos diálogos do relatório. O advogado do empresário também havia pedido a retirada dos diálogos. O delegado já enviou o relatório final sobre o caso ao Supremo, concluindo que o empresário Roberto Mantovani Filho cometeu injúria real contra Alexandre Barci, filho de Moraes, no aeroporto de Roma.

Sakaki escreveu que não poderia indiciar ninguém devido a uma instrução normativa que veda o indiciamento no caso de crimes de menor potencial ofensivo, como a injúria real. Outra justificativa foi a de que a lei penal brasileira não poderia se aplicar a fatos ocorridos no exterior.

As imagens do circuito de vigilância do aeroporto italiano mostram Mantovani Filho atingindo o rosto de Barci com a mão. No entanto, a gravação não possui áudio, o que “compromete a plena elucidação dos fatos”, já que os depoimentos trouxeram divergência sobre o que foi dito na ocasião. As supostas ofensas a Moraes teriam ocorrido em julho de 2023, quando o ministro voltava da Itália com a esposa e o filho. Ele teria sido chamado de “bandido” e “fraudador de eleições” pela esposa do empresário, seguido de uma confusão com troca de tapas e empurrões.

O Supremo está julgando se aceita ou não um pedido da defesa do empresário e da Procuradoria-Geral da República (PGR) para retirar o sigilo do vídeo sobre o episódio. Toffoli votou, por enquanto, a favor do sigilo e Moraes se declarou impedido. A sessão de julgamentos segue até 23 de fevereiro.

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