Nesta quarta-feira (21), artistas de diversos segmentos culturais de Alagoas se reuniram em protesto pacífico diante da Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa de Maceió (Semce). O motivo? O contínuo calote por parte da prefeitura municipal, que deixou diversos profissionais sem receber pelos serviços prestados em eventos patrocinados pela gestão.
Desde junho de 2023, os artistas relatam não terem recebido o pagamento pelos eventos em que participaram, incluindo o Vamos Subir a Serra e o Festas Das Águas. A falta de transparência e o descaso da gestão municipal têm sido motivo de indignação para a classe artística alagoana.
Letícia Sant’Ana, do grupo Afro Caeté, lamentou não apenas a falta de pagamento, mas também a ausência de valorização da cultura afro-alagoana nos eventos promovidos pela prefeitura. “Muitos eventos que celebram a cultura afro foram negligenciados, e a falta de diálogo agrava ainda mais a situação”, destacou.
Allexandrea Constantino, participante da Primeira Virada Afro Alagoana, expressou sua indignação com a situação, ressaltando que o desrespeito à classe artística é evidente. “Eles querem apagar a nossa história e a nossa memória, mas isso é impossível”, enfatizou.
Outra questão levantada durante o protesto foi a constante prorrogação de editais pela Semce, bem como a falta de transparência no processo de inscrições e na divulgação dos resultados.
Diante da ausência do secretário Cleber Costa, que não compareceu ao local prometido, os artistas protocolaram um Termo de Compromisso exigindo a regularização dos pagamentos pendentes. No entanto, até o momento, não houve resposta por parte da Semce.
Além disso, os artistas entraram com um processo no Ministério Público de Alagoas para garantir equidade nas festas do calendário afro, questionando os altos gastos com eventos gospel/católico e o São João, enquanto os eventos culturais tradicionais permanecem desvalorizados.
Dudu Nogueira, presidente da junta governamental da Sated/AL, disse que reina na pasta da cultura de Maceió uma “política de balcão”, na qual, é realizada “uma escolha aleatória de artistas da casa ‘credenciados’ “.
“Quando colocam a nossa classe ‘de encaixe’, nos eventos, não recebemos. A gente pode estimar mais de 70, 80, 90 pessoas” lesadas. “São grupos tradicionais de Alagoas, que elevam a cultura alagoana, e que não são valorizados. O mínimo que nós queremos receber, pagar suas contas, não tem. É um absurdo!”, desabafou o presidente.