Conversando com geólogos, agrônomos, engenheiros civis e ambientais, a Agência Brasil identificou um consenso de que as mudanças climáticas potencializaram a tragédia, mas há divergências quanto à responsabilidade das atividades econômicas e da ocupação territorial. Para o geólogo Rualdo Menegat, as políticas de planejamento urbano e econômico no estado contribuíram para a desorganização do território, facilitando a especulação imobiliária e a ocupação de áreas vulneráveis.
Já o professor de recursos hídricos da Coppe/UFRJ, Paulo Canedo, destaca que o desenvolvimento econômico e social sem medidas preventivas adequadas pode favorecer inundações. Por outro lado, o engenheiro civil e professor da PUC-RS, Jaime Federici Gomes, ressalta a importância da vegetação no escoamento da água, mas acredita que as intervenções agrícolas não tiveram influência direta nas inundações.
A falta de manutenção nos sistemas de contenção de águas em Porto Alegre também foi apontada como um dos fatores que contribuíram para o agravamento da situação. Rualdo Menegat critica a negligência política que enfraqueceu a capacidade estrutural do estado de lidar com fenômenos climáticos mais intensos.
No que diz respeito à prevenção e redução de danos, os especialistas concordam que é possível minimizar as consequências dos fenômenos climáticos com treinamento adequado da população e investimento em sistemas de alerta e defesa civil mais eficazes. Enquanto não existe uma solução definitiva para eventos extremos como esse, a cultura de prevenção e adaptação às mudanças climáticas se torna cada vez mais importante.
Diante desse cenário de desastre e reflexão, é fundamental que haja um esforço conjunto da sociedade, governantes e especialistas para traçar estratégias que visem a redução dos impactos das alterações climáticas e a promoção de um desenvolvimento mais sustentável e seguro para todos.