A crise nos trens urbanos não é recente. A Supervia entrou em recuperação judicial em 2021, acumulando prejuízos de R$1,2 bilhão. A empresa atribui a situação aos impactos da pandemia de covid-19, ao congelamento de tarifas e a questões de segurança pública, como o furto de cabos.
O consórcio Gumi, formado por empresas japonesas e controlador da Supervia, já ameaçou devolver a concessão do serviço. Enquanto isso, a Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes (Agetransp) tem aplicado multas à Supervia por descumprimento de contrato e falta de investimentos.
Diante das dificuldades financeiras da Supervia, o governador Cláudio Castro foi intimado pelo TJRJ a prestar esclarecimentos e a apresentar um plano de contingência caso a concessão do serviço fosse devolvida. O governo negou a possibilidade de aporte adicional de recursos e afirmou que precisaria de pelo menos 180 dias para substituir a atual concessionária.
O processo de recuperação judicial da Supervia está sob análise do juiz Vitor Torres, da 6ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. A decisão de nomear as empresas de consultoria foi publicada há duas semanas, visando obter mais clareza contábil-financeira.
Na última terça-feira, em uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, a Agetransp apresentou um relatório que aponta a piora na qualidade dos serviços prestados pela Supervia. O tempo médio de viagem em alguns ramais aumentou, assim como as falhas no funcionamento de escadas rolantes e elevadores, resultando em multas que ultrapassam os R$20 milhões.
Em meio a esse cenário complexo, as empresas de consultoria têm a difícil missão de avaliar a situação financeira da Supervia e apontar possíveis soluções para garantir a continuidade dos serviços de transporte público essenciais para a população do Rio de Janeiro.