O economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, explicou em uma entrevista à reportagem que cada venda perdida no varejo representa mais do que o valor da própria venda, devido aos custos fixos que não mudam. Segundo ele, se os gastos com apostas continuarem aumentando, o prejuízo anual pode chegar a R$ 117 bilhões. O estudo se baseou nos dados do Balanço de Pagamentos do Banco Central para analisar as operações realizadas no país, revelando que os gastos com as plataformas de apostas estão afetando as famílias e prejudicando o consumo no varejo.
Uma das preocupações levantadas pelo estudo é o impacto das apostas online no público feminino, já que os cassinos virtuais têm atraído principalmente mulheres. Por outro lado, as apostas em futebol, o principal esporte em que se aposta, são mais comuns entre os homens. A popularidade do Jogo do Tigrinho entre as mulheres é vista como um aspecto preocupante, pois pode indicar possíveis impactos sociais negativos, especialmente considerando que benefícios sociais são pagos principalmente às mulheres.
Diante desse cenário, a CNC apresentou uma ação indireta de inconstitucionalidade ao Supremo Tribunal Federal (STF) questionando a regulamentação do mercado de apostas online e reforçou seu posicionamento a favor dos cassinos físicos. A confederação argumenta que os cassinos presenciais geram empregos e renda nos países onde são regulamentados, enquanto as apostas online estão comprometendo a renda das famílias e impactando negativamente o varejo no Brasil. Felipe Tavares ressaltou que a legalização dos cassinos físicos poderia gerar até 1 milhão de empregos diretos e indiretos na atividade turística do país e aumentaria a arrecadação de impostos para aproximadamente R$ 22 bilhões por ano.
