Os dados analisados em seis países da América Latina – Argentina, Brasil, Colômbia, El Salvador, México e Peru – apontam que 27,2% dos novos casos de tuberculose em 2019 estavam relacionados ao encarceramento. Este percentual supera outros fatores de risco conhecidos, como HIV, desnutrição, diabetes, tabagismo e alcoolismo. No caso do Brasil, especificamente, 36,9% dos novos casos de tuberculose estão associados à privação de liberdade, o que coloca o país em uma situação preocupante.
Para o infectologista Julio Croda, pesquisador da Fiocruz e professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, a tuberculose é uma das doenças que o Brasil pretende eliminar ou reduzir a carga, como parte do programa Brasil Saudável. Atualmente, a taxa de incidência da doença é de 40 casos por 100 mil habitantes, com a meta de reduzir para 10 casos por 100 mil até 2030.
O estudo aponta que a superlotação, a ventilação precária, a desnutrição e a falta de acesso a cuidados de saúde nos presídios contribuem para o aumento do risco de transmissão e progressão da tuberculose. Intervenções no sistema prisional, como a redução das taxas de entrada na prisão e a duração do encarceramento, poderiam ter um impacto significativo na incidência da doença na população em geral.
Os pesquisadores defendem a necessidade de estratégias para reduzir o encarceramento em massa e enfatizam a importância de agências internacionais de saúde, ministérios da justiça e programas nacionais de combate à tuberculose trabalharem juntos para enfrentar essa crise sanitária. A triagem em massa e o acesso a testes diagnósticos dentro dos presídios são ações fundamentais que precisam ser implementadas para controlar a doença e proteger a população carcerária.