O Censo analisou 698 órgãos estaduais e 536 municipais, considerando as secretárias que ocuparam os cargos entre novembro de 2023 e março de 2024. Pela primeira vez, o questionário incluiu a autodeclaração racial, revelando que 57,4% das mulheres se identificam como brancas, 37,8% como pretas ou pardas, 3% como indígenas e 2% como amarelas. Além disso, apenas 1,3% das secretárias se declararam com deficiência, evidenciando a sub-representação de mulheres nesse grupo.
As secretárias estão mais presentes em pastas sociais do governo, como Assistência Social, Saúde e Educação, refletindo a segregação horizontal que as limita em áreas estratégicas como infraestrutura, órgãos centrais e setores econômicos. Apesar da qualificação elevada das secretárias, com 43% possuindo especialização, 26% mestrado e 10% doutorado, sua presença em áreas de maior influência e decisão ainda é limitada.
O estudo apontou que 50% das secretárias estão ocupando o cargo pela primeira vez, indicando um fenômeno recente de entrada de mulheres nessas posições. A falta de diversidade nos cargos de liderança impacta a qualidade das políticas públicas, segundo Marina Barros, diretora do Instituto Alziras. As barreiras estruturais ainda impedem a ascensão feminina em posições de destaque, e a representatividade racial e de mulheres com deficiência também é baixa.
Em relação à participação política, quase metade das secretárias tem algum vínculo partidário e uma em cada cinco já foi dirigente partidária. As secretárias negras destacaram a importância de suas experiências em movimentos feministas e sociais, o que pode impulsionar a ascensão a cargos de liderança. A pesquisa fornece insumos para promover a paridade de gênero e orientar mudanças necessárias na composição dos quadros de liderança na gestão pública.